17 Agosto 2016      09:11

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O DIA DA SOBRECARGA

Para o melhor ou para o pior, a nossa geração vai determinar o futuro da vida no planeta. Segundo a organização não-governamental Global Footprint Network (CFN), 8 de Agosto foi o dia em que a exploração humana do planeta ultrapassou a biocapacidade da Terra. E, a cada ano que passa este dia chega mais cedo.

Em apenas 221 dias, a humanidade esgotou teoricamente todos os recursos naturais que a Terra garante anualmente, isto é, a partir deste mês estaremos a consumir mais recursos do que aqueles que o planeta consegue renovar no espaço de um ano.

Portanto, podemos continuar a servir este sistema de destruição até que nenhuma memória da nossa existência permaneça impressa no planeta ou podemos acordar e perceber que não estamos a evoluir, mas sim a autodestruir.

Entretanto, o nosso tempo está a esgotar-se e a humanidade persiste em comportar-se como uma praga que varre o globo, que devasta o próprio ambiente que nos permite viver e que arrasa com a biodiversidade da Terra. Anualmente, milhares de espécies são extintas.

Na verdade, não se trata de salvar o planeta. Connosco ou não, o planeta permanecerá aqui. A Terra tem estado por aqui, justamente, há milhares de milhões de anos, e cada um de nós terá a sorte de durar uns meros oitenta anos. Vistas as coisas, à escala global da Terra somos apenas como um flash no tempo, mas a nossa influência é decisiva na conservação da diversidade biológica do planeta.

É engraçado pensar que a humanidade já supôs que a Terra era o centro do universo, mas agora vemo-nos a nós mesmos como o centro do planeta, em que tudo gira à nossa volta. Apontamos para a tecnologia humana e afirmamos que nós somos os seres mais inteligentes do planeta. Colocamos em nós próprios esta máscara de “civilizados”, mas quando a retiramos o que somos?

Vivemos num mundo à beira do colapso e perante o abismo a humanidade acredita que tudo poderá ser resolvido “atirando” mais dinheiro aos cientistas para que eles possam descobrir uma “poção milagrosa” para que os nossos problemas desapareçam. O que dificilmente acontecerá.

Porém, somos o rosto de todos os que vieram antes de nós e, portanto, somos parte de uma realidade muito maior, apenas não temos sido capazes de perceber esta conexão.

No fundo, temos que ser anões empoleirados aos ombros de gigantes, como dizia Bernardo de Chartres, pois podemos ver mais coisas do que eles e mais distantes, não devido à acuidade da nossa vista ou à altura do nosso corpo, mas porque somos mantidos e elevados pela estatura de gigantes.

 

Imagem de capa daqui.