1 Abril 2021      18:42

Está aqui

O Alentejo tem de ir a Bruxelas!

Há já vários anos, no «Terreiro do Paço» de Bruxelas, um conjunto de finos pensadores europeus, descobriram, na ânsia de afirmação da qualidade e diferenciação da sua sábia e bem preparada linha de pensamento, que os fundos europeus já tinham dado o que havia a dar para as chamadas obras do «betão»! Era chegada a vez das etéreas obras do saber, da investigação e do desenvolvimento.

Como tudo na vida, a aplicação das orientações políticas, nacionais ou europeias, deve ser equilibrada e flexível, reconhecendo as excepções que como diz a sabedoria popular, sempre existem à regra, sem consagrar uma enervante e injusta rigidez, que conduz à velha máxima de «pelo pecador pagar o justo»!

É verdade que as conveniências eleitorais provocaram, para não ficar atrás dos vizinhos, a construção de muitas rotundas, auditórios e pavilhões de necessidade duvidosa, mas nem todos procederam assim!

Porém, no caso português, para além de termos sempre esta tendência de «sermos mais papistas que o papa» no que respeita a adopção das orientações europeias, o que mais reforçou a aparente justeza do fim da «era do betão», que tanto tem complicado ou mesmo impossibilitado o apoio europeu na construção de infra-estruturas de indiscutível necessidade, foi a circunstância de, em média, termos proporcionalmente um dos maiores índices de construção de auto-estradas a nível europeu.

Acontece que, conforme costumada tradição nacional e assumida prioridade de vários governos, foi o famoso «eixo - atlântico»: Lisboa - Porto - Vigo, que por coincidência proporciona a eleição de praticamente 90% dos nossos deputados, que explica esta invejável e distinguida média europeia.

Em poucos anos, após décadas da ligação por auto-estrada Lisboa - Porto, terminar em Vila Franca e recomeçar apenas muito perto do Porto, construíram-se 4 ou 5 auto-estradas alternativas entre as duas maiores cidades do país, bem como uma capilar rede de ligações nas sua zonas metropolitanas e nas cidades do eixo, como por exemplo Leiria, Aveiro ou Braga.

Cá pelo Alentejo, não fora a necessidade de ligar Lisboa a Madrid, ou ao Algarve, e não teríamos apanhado mesmo nenhuma auto-estrada! Não temos gente, nem votos, que o justifiquem...

Agora, esta história das médias, lembra a média dos franguinhos comidos numa célebre festa com 100 pessoas, em que como tinham assado 50 frangos, dava meio frango por pessoa. Só que no final houve muitas reclamações de pessoas que não conseguiram comer. É que vários tinham comido um frango inteiro, e alguns até um bocadinho mais!

Temos que ir a Bruxelas explicar que o Alentejo foi dos que ficou sem comer, pelo que deve ainda receber os «meio frangos» a que tem direito! É que também somos Portugal! E a festa tem de chegar a todo o país!

Já que os nossos governos não têm conseguido passar a mensagem desta flagrante evidência em Bruxelas, talvez comprometidos com a má consciência de terem realmente sido os responsáveis pela «coesão» nacional a que chegámos, e sendo necessário afastar os escolhos burocráticos que vêm argumentando para dificultar a utilização de fundos europeus nas obras que precisamos, temos que ir nós - Alentejanos - falar com a Comissão, as Direcções Gerais, os Grupos parlamentares, com quem enfim fizer falta, para defender os nossos legítimos interesses!

CCDRA, Conselho Regional, CIM's, deputados do Alentejo, associações, movimentos cívicos, vamos organizadamente mostrar que estamos juntos e bater às portas certas de Bruxelas!

O Alentejo merece!

Jorge Pais Presidente NERPOR-AE

------------------------------

Natural de Portalegre, onde reside, Jorge Pais preside ao Núcleo Empresarial da Região de Portalegre (NERPOR). Casado, com um filho, licenciou-se em Direito e tem formação complementar em economia. Jorge Pais é ainda vice-presidente da CIP.