Nenhuma das opções está correta

O tempo passa e nós passamos pelo tempo. Tantas vezes o tempo passa por nós e não sabemos bem como entender se é ele a adiantar-se, se o atraso é nosso, se as coisas são assim ou diferentes na vida de cada um. O tempo baralha-nos. Na vida, nos serviços públicos, nos transportes, em todo o lado. Até parece que nos regemos por aquela famosa frase dos testes de escolha múltipla, em que nenhuma das opções está correta…

Isto faz-me lembrar que a nossa vida é também ela feita de opções e selecionamos uma em detrimento das outras sem saber se essa é correta. E, claro, tantas vezes, nenhuma delas está correta.

Lembro-me disto nos dias em que me esqueço de verificar a temperatura e o estado do tempo. Acontece-me sair de casa com roupa desadequada ao clima que se faz sentir… não que saia de calções em dias de inverno, ou de casacão em dias de verão, mas uma simples peça ou acessório pode fazer toda a diferença. O mesmo se estende a sair sem guarda-chuva nos dias em que a chuva cai, ou levar o guarda-chuva e ser o único a caminhar debaixo de um sol radiante com o dito acessório debaixo do braço ou na mão. A quem nunca aconteceu…

Um dia fiz uma formação on-line, em linha, e nos testes intercalares deparei-me com a hipótese que dizia que nenhuma das opções está correta. Outra apontava que a primeira estava correta, outra ainda que todas estavam corretas. Eram simples afirmações, com ligeiras nuances que distorciam os sentidos. Bem, não seriam assim tão simples se não eram claras e inequívocas.

Tudo isto que o teste replicava, ganha uma maior dimensão nas nossas vidas, nas escolhas e nas dimensões mais filosóficas ou mais banais da nossa existência. Em altura de jogos e de Mundial, em que uns se alegram e festejam, em que outros se amarguram com os resultados, muito se fala e muito se comenta. Muito se discute e se aposta. Portugal joga, demonstra em campo, nos 90 minutos que dura a disputa, que as emoções dos adeptos e a sua ligação a uma nação, que tantas vezes está perto e outras está longe, não é circunstancial nem é efémera. Podem chatear-se com o resultado, reclamar com os jogadores e a equipa técnica, podem regozijar-se. Talvez nenhuma das opções seja a correta, mas é aquela que é criada pela paixão do futebol e por um sentimento patriota que nos faz compras cachecóis, equipamentos, adereços e que nos faz gritar, gritar muito.

E, esperemos que nos jogos que se seguem, dos quais ainda não sei o resultado no momento em que escrevo este texto, a opção correta seja uma, a vitória nos próximos três jogos.