9 Maio 2018      13:36

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Nada acontece por acaso - mais um escândalo BES

Ao que tudo indica, a juntar ao ramalhete da corrupção nacional, há mais um episódio grotesco de esquema de corrupção, o alegado desfalque da Petróleos da Venezuela estimado em 3,5 mil milhões de euros. 

A investigação criminal começou nos Estados Unidos, continuou em Espanha, passou para a Venezuela e chega agora a Portugal por haver fortes indícios que implicam o BES e Ricardo Salgado. Significa isto que para os investigadores uma boa parte dos fundos alegadamente desviados na Venezuela terão passado por contas bancárias do BES Madeira, do BES Luxemburgo, do Banque Privée Espírito Santo (Suíça) e do Espírito Santo Bankers, no Dubai. Desta vez, o caso apresenta-se bastante mais complexo que o escândalo nacional em que Ricardo Salgado e o BES se encontram envolvidos.

Talvez esta interpretação seja demasiado ingénua, mas, tantos são os casos de corrupção, em tão diversos quadrantes se arrumam, que se diria impossível que tudo isto estivesse para acontecer ou a ocorrer.

Cá no meu fraco entender, melhor mesmo seria acordarmos, porque isto, se alguma vez foi sonho, é cada vez mais um pesadelo! Os sinais de corrupção no regime são persistentes e generalizados. Desde bancários, gestores públicos, CEO, ex-governantes, políticos, dirigentes da administração pública e até mesmo altos magistrados.

Não haja dúvida, o tema é deveras complexo e a corrupção está entranhada na sociedade portuguesa. Sobe de degrau em degrau, muito particularmente na classe política, do nível mais baixo para o mais elevado, e em dada altura não se pode evitar a vertigem. Alguém terá de cair nas malhas da justiça.

A corrupção é um problema persistente que tem uma existência concreta em Portugal, pelo que a justiça tem de atuar com celeridade e ter a capacidade para punir exemplarmente corruptores e corrompidos.

Acordemos, então, e ponhamos o dedo na ferida. Se à pedra fossem chamados os responsáveis por isto tudo e se fossem obrigados a devolver o que roubaram, não nos teriam ido ao bolso da forma que foram! Estão aí os factos para dar a resposta: julgamentos iníquos, abusos de poder e de autoridade, apropriação e desvios de bens públicos, evasão e elisão fiscal.

Quanto à Assembleia da República, o menos que se dirá é que ali se têm cozinhado maiorias parlamentares que, na filosofia e na prática, nada fazem para inverter esta tendência criminosa e erradicar este tipo de comportamento. Os políticos têm destas habilidades: ignoram o tema e repetem apenas o óbvio.

A resposta que se impunha esperam-na aqueles para quem a corrupção é tão importante como a ética republicana.

Afinal, nós, portugueses, de corrupção sabíamos muito pouco. E, contudo, não nos faltam autoridades e instituições cujo primeiríssimo dever é justamente combater a corrupção, o branqueamento de capitais, a evasão e elisão fiscal.