1 Outubro 2022      11:38

Está aqui

Mais comboios de passageiros no litoral do país

O primeiro-ministro anunciou na última quarta-feira, no Porto, que o Governo vai apresentar o traçado e desenvolvimento da linha ferroviária de alta velocidade Lisboa, Porto e Vigo, representando o primeiro passo para a inserção na rede ibérica.

Segundo o Primeiro-Ministro, António Costa, afirmou que a Linha de Alta Velocidade entre o Porto e Lisboa «é um projeto que une o País» e que reforça a «nossa fachada atlântica», melhorando «a nossa projeção no mundo».

Na mesma intervenção, o Primeiro-Ministro destacou o facto de o projeto, agora apresentado, servir todo o País uma vez que nesta linha circularão também os comboios regulares, cumprindo assim com dois objetivos fundamentais: reforçar a coesão interna e reforçar a nossa competitividade externa.

Mais uma vez, vamos ter mais comboios para servir o Litoral do país. O argumento é velho: vamos aumentar a competitividade do País. Significa que essa competitividade é feita à custa dos territórios de baixa densidade, sobretudo do interior do País. Não esquecer que o país beneficia de Fundos Comunitários graças aos territórios mais pobres do interior de Portugal e dos Açores.

E como é que vão ser pagas estas grandes obras? Com os fundos da convergência e da coesão. Os fundos que deveriam servir para aproximar o litoral ao interior, afastam ainda mais estes territórios. As dicotomias agravam-se fortemente!

É claro que vamos ter mais dinâmicas no litoral. É claro que vamos ter mais competitividade económica no litoral. É claro que vamos ter ainda mais gente no litoral. E o interior? Fica ainda mais afastado do litoral. A utilização destas verbas inibe a aplicação das mesmas nos territórios que mais necessitam.

Qual a contradição deste Governo? Nenhuma. A sua politica de fortalecimento dos territórios ondem existem mais eleitores continua a ser uma forte realidade. São novos aeroportos, novos investimentos nas linhas ferroviárias de passageiros, novos projetos estruturantes, sem que existam quaisquer contrapartidas nos territórios do interior.

Não é verdade que está a ser criada a Linha Ferroviária de Mercadorias Sines – Caia? Sim, é verdade. Mas é isso mesmo, é para servir o País e não o Alentejo. Não estão previstas quaisquer estações do comboio de mercadorias no Alentejo. Vai direto de Sines para Espanha. Na prática, vamos ficar a ver os comboios a passar!

Com o argumento da descarbonização vão ser criadas muitas infraestruturas que servem os territórios do costume. Sempre no litoral.

Com o argumento da descarbonização vão ser alargados os metros de Lisboa e do Porto, criação da ferrovia para comboios de alta-velocidade que ligam Lisboa – Porto – Vigo. E não vai parar po aí.

Sempre nos sítios do costume! Isto não vai parar.