10 Maio 2016      11:14

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LIVRE ARBÍTRIO E PENSAMENTO LIVRE

Saber se escolhemos livremente é um dos assuntos mais interessantes que posso imaginar. O pensamento livre, como causa de uma escolha material livre, é, para o efeito aqui perseguido, igual. Portanto, concentremo-nos no assunto da liberdade.

A liberdade, em abstracto, é o assunto. E essa liberdade prende-se, antes de mais, com a concepção de liberdade de pensamento que, por sua vez, condiciona a liberdade de escolha.

Entendo, neste contexto, que a liberdade de escolha (isto é, arbítrio) não é possível, se entendida com a máxima generalidade. Cada coisa (incluindo, aqui, pessoas), ou melhor, cada entidade, provem de um passado. E, em cada infinitésimo temporal, essa coisa sente-se afectada por tudo o que a rodeia. Resulta daqui que um perfeito livre arbítrio só poderia resultar duma coisa criada instantaneamente antes de se dar ao luxo de tomar uma decisão.

E, essa criação teria, necessariamente, de provir do nada. Um nada absoluto. Este criacionismo permanente, como condição prévia para a tomada de uma livre decisão, prejudica, infinitamente, a possibilidade de se entender o livre arbítrio como uma possibilidade de facto, quando discutida com a máxima generalidade. Conclua-se, portanto, pela impossibilidade de ter uma decisão livre, entendida com a máxima generalidade. Simplesmente existirão, sempre, condições prévias impossibilitadoras da liberdade absoluta.

Mas, aceite a inevitabilidade de não ser possível uma liberdade absoluta, como exposto, sempre se pode discutir uma liberdade relativa.

Aqui nasce o problema de uma liberdade relativamente a condições conhecidas ou de uma liberdade relativamente a condições desconhecidas. Claro está que sempre, absolutamente sempre, aquilo com que o ser humano se confronta (aqui já não meramente coisa) é com uma liberdade perante condições desconhecidas. Confundir o facto de conhecer algumas condições com a possibilidade, absurda, de conhecê-las todas, pode condicionar muito negativamente a capacidade de tomada de decisão. Por outro lado, substituir a ilusão do livre arbítrio absoluto pela consciência de um livre arbítrio condicionado por condições desconhecidas pode maximizar a probabilidade de ter a decisão mais livre possível que, na prática, é a única opção a que um ser- humano interessado neste assunto pode ter acesso.

Imagem de capa daqui.