27 Março 2022      15:53

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Lateralidade cerebral

A lateralidade cerebral verifica-se quando uma determinada função cerebral está preferencialmente num lado do nosso cérebro comparativamente ao outro. Para além disto, a manifestação dos comportamentos dos sujeitos revela igualmente a sua preferência pela utilização de uma parte do corpo.

Por exemplo, existem sujeitos que utilizam a mão direita (destros) para escrever enquanto outros utilizam a mão esquerda (esquerdinos, mais conhecidos como “canhotos”). Para além disto, na maioria das pessoas, o lado do cérebro que é dominante para a linguagem é o esquerdo (Habib, 2003).

No estudo de Szaflarski et al. (2012), com crianças e jovens destros e canhotos, ao tomarem por base os registos de Ressonância Magnética funcional das regiões frontais, verificaram que 85% dos canhotos tinham a linguagem lateralizada à esquerda, 4% revelou ter o domínio do hemisfério direito e 11% mostrou uma simetria das regiões cerebrais.

Quanto às crianças e jovens destros, 93% tinham lateralização do hemisfério esquerdo, 2% domínio do hemisfério direito e 6% uma ativação simétrica. Os mesmos autores concluíram também que o domínio do hemisfério esquerdo para a linguagem foi aumentando com a idade dos participantes, quer nos destros, quer nos canhotos.

Ao estudar alguns casos clínicos com tumores cerebrais, Połczynska (2021) verificou num sujeito do sexo feminino, com 38 anos de idade e com um tumor na região frontal do lado esquerdo do cérebro que, apesar da grande área afetada, não se constataram problemas de linguagem. Neste caso particular, embora a linguagem parecesse ser dominante à esquerda, o sujeito mostrava uma representação bilateral desta capacidade. Por outro lado, um sujeito do sexo masculino, de 37 anos e com um tumor localizado na região frontal esquerda, apresentou défices na linguagem verbal.

A presença de problemas de linguagem fez com que o cérebro utilizasse mecanismos compensatórios do lado direito (Połczynska, 2021). Apesar dos exemplos dados face à dominância cerebral, é preciso ter presente que as diferentes regiões do nosso cérebro vivem conectadas entre si.

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Lídia Serra, PhD, Neuropsicologia