29 Janeiro 2023      11:20

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Inversão demográfica, o “super” desafio regional!

No combate ao despovoamento e envelhecimento dos territórios, no caso do nosso país e concretamente nos concelhos de interior, como é o caso da maior parte da região alentejana, o fator das condições de empregabilidade e de estabilidade profissional para as famílias é determinante, quer na melhoria das condições de vida e da capacidade de atração, empresarial e populacional, quer no aumento das taxas de fecundidade e natalidade e consequentemente na melhoria dos índices de desenvolvimento económico e de estabilidade social do território.

As caraterísticas ligadas aos aspetos endógenos, à baixa densidade populacional, à segurança, tranquilidade e qualidade de vida que oferecem a maioria dos concelhos da nossa região, podem ser encaradas como oportunidades, no sentido de consolidarem dois eixos importantes de desenvolvimento estratégico e de atratividade de pessoas, para se estabelecerem no território. E nesta matéria as Câmaras Municipais podem ter um papel fundamental.

Por um lado, como primeiro eixo, o potencial ligado ao turismo rural, ambiental, cultural e paisagístico que gera negócio, fluxo de visitantes e oportunidades para as famílias, e a importância da sua consolidação que deve ser uma base importante a considerar nas estratégias locais de cada unidade territorial, onde podem ser geradas condições favoráveis para a continuidade do investimento privado nessa vertente, oferecendo a prioridade aos investimentos que mantenham a identidade própria da região, independentemente da sua escala e dimensão, através de projetos que permitam a revitalização dos lugares e das características icónicas do território.

Por outro lado e como segundo eixo, sendo difícil para estes concelhos a criação de áreas dedicadas à industria que tenham sustentabilidade face à competição desnivelada na captação de investimentos com os territórios de alta densidade do litoral, existe nos próximos tempos uma forte oportunidade a explorar, através da criação de condições para a fixação de novos projetos de negócio e de profissionais individuais, que operam à distância através das tecnologias de informação, nalguns casos designados por nómadas digitais, que podem ter nesta tipologia de concelhos o habitat ideal para desenvolverem a sua atividade profissional e estabilizarem as suas famílias, com condições de vida muito favoráveis em relação à qualidade e segurança, comparativamente aos grandes centros urbanos.

É determinante para os concelhos do interior alentejano, apoiarem, com base em trabalhos de estudo prospetivo, a criação de planos sólidos e estratégias de desenvolvimento local, que neste caso devem contemplar, pacotes de incentivos à fixação de novos negócios dos setores digital e turístico nos concelhos, acompanhados do adequado enquadramento em termos de planos urbanísticos, para um desenvolvimento assente na tipicidade do território.

No Alentejo existe ainda uma diferença muito acentuada entre concelhos, em relação à dinamização económica, à visão política na sua projeção no futuro e ao aproveitamento dos seus recursos, sendo decisivo para a região que todos possam acompanhar em ritmo semelhante essas dinâmicas, porque um destino, seja turístico ou de negócios, não se desenvolve com territórios isolados na valorização do seu potencial, mas sim com uma perspetiva de região complementar e sólida.

A redução abrupta ao longo dos anos, nas taxas de fecundidade e natalidade são uma equação complexa de resolver num planeta sobrelotado e deficitário na distribuição da população, o que coloca a inversão na incapacidade de substituição de gerações, como um dos maiores desafios para a região e até de forma mais nacional, no âmbito da subsistência social do estado português para as próximas décadas.