7 Agosto 2019      10:48

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A intolerância tem limites

É um facto: a net deu largas ao ódio. Poder-se-á dizer que fanáticos e extremistas sempre existiram, mas, sem dúvida, a net abriu-lhes as portas e permite que sejam proferidos impropérios, realizadas ameaças e ofensas de forma gratuita e que antes, em contacto pessoal, nunca seriam feitas, a consciência do humano, na maior parte dos casos, impele o respeito.

A diferença de opinião – quando confrontada - é o que faz crescer cada ser humano e, no geral, a sociedade, isto sempre e quando exista respeito pelo próximo e pela sua opinião.

O ponto 4 do nosso Estatuto Editorial, diz: “O Tribuna Alentejo identifica-se com o modelo de sociedade democrática preconizado pela União Europeia, respeitando não só a livre concorrência como também os direitos do Homem e as conquistas civilizacionais da vida em democracia.”

E assim é! Procuramos chegar a todas as correntes e dar voz a vários pontos de vista; por exemplo, os textos de opinião dos nossos colaboradores - e que não vinculam necessariamente a nossa opinião - trazem ao leitor uma visão alargada de opiniões que, muitas vezes, chegam a ser contraditórias.

É também parte da genética do Tribuna Alentejo a partilha de frases de autores - mais ou menos conhecidos - e, sempre que possível, que estejam em conexão com a ordem do dia.

Polémicas, também estas frases não refletem necessariamente a opinião de um – e muito menos de todos - os membros da equipa. São aquilo que são e devem provocar o pensamento, o debate, e, em consequência a evolução.

Nos comentários às mesmas, pode-se, com frequência, ler pessoas que apoiam, que contradizem, que entram em diálogo, e, algumas vezes, algumas pessoas acabam por ser desrespeituosas.

É este o limite. O respeito pela opinião do próximo. Este respeito falta cada vez mais e nada como o futebol para o fazer desaparecer. O fanatismo - que muitas vezes se quer fazer confundir com amor aos clubes - tolda a visão e corre o risco de se entranhar na personalidade.

Quando uma frase de Emídio Rangel faz alusão a um clube, não vincula o TA. Será difícil de acreditar – eu próprio tive dificuldade em fazê-lo quando me chamaram à atenção para o que se estava a passar - mas aconteceu: uma frase sobre um clube de futebol levou a que nos desejem a morte e igual fim ao dos dez jornalistas do “Charlie Hebdo”, vítimas de um atentado na sua redação, em Paris, em janeiro de 2015.

Numa das frases por nós partilhadas, Thomas Mann dizia que “a tolerância é um crime quando o que se tolera é a maldade”. Isso - a maldade, o fanatismo e intolerância - já não podemos tolerar.