8 Março 2016      20:46

Está aqui

INOVAR ANTES DE COMEÇAR

Na véspera da tomada de posse como Presidente da República, que decorrerá entre amanhã e sexta-feira (9 a 11 de Março), Marcelo Rebelo de Sousa introduz uma inovação digna de registo: o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades vai ter Paris como o local oficial das comemorações.

Como é natural, as comemorações deste dia vão iniciar-se primeiramente em Portugal, mas terminada a cerimónia militar em Lisboa, irão materializar-se em Paris, junto de uma das maiores comunidades portuguesas no estrangeiro e descentralizando, merecidamente, o dia de Portugal para a população que reside fora do país.

Embora os dois anteriores Presidentes da República tivessem optado por cidades em vários pontos do país para celebrar este dia, descentralizando as comemorações, a opção pela proximidade de uma comunidade no estrangeiro representa uma quebra de protocolo pela positiva, em favor de âmbito que dá nome ao feriado – as comunidades.

Num tempo em que a emigração portuguesa voltou a tomar proporções consideráveis, obrigando muitos jovens a abandonar o país, é positivo observar a figura máxima do Estado levar, pela primeira vez, as comemorações do dia 10 para fora de Portugal.

Outra perspectiva interessante sobre este assunto é, do ponto de vista simbólico, se esta aproximação se pode traduzir num maior interesse e participação das comunidades na política, nomeadamente em termos eleitorais, uma vez que a estas representam um quinto da população portuguesa e uma abstenção de 95,5% (Público 07/03/2016).

É importante mudar mentalidades, transformar a ideia de que a distância geográfica é sinónimo de alheamento dos problemas e sucessos que influenciam o país de origem.

Apesar de algumas dúvidas na campanha sobre a adequação do seu perfil e da sua futura actuação como Presidente da República (algumas com fundamento), o facto é que Marcelo está a conseguir manter a sua promessa de um mandato diferente e mais próximo da população, talvez com excepção da intenção de assistir aos concertos em Lisboa à noite (a seguir à tomada de posse), que não considero serem o estilo mais apropriado para o evento, mas de resto temos de lhe tirar o chapéu.

Imagem daqui