28 Outubro 2018      16:25

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III Cachondeo en Barrâncu

Um texto de Vítor Lamberto

Barrancos (Praça da Liberdade), 5 de Outubro, 10:00 – eis as “coordenadas” do ponto de encontro para onde convergiram as R4 envolvidas em mais uma etapa dos "Eat-inerários Slow @ Alentejo" – o “III Cachondeo en Barrâncu”, uma jornada em terras raianas e rayanas, com a contínua presença do Ardila e do Múrtega e do modo de falar barranquenho.

Após uns tintos de verano (o calor anunciava-se), visita à Igreja Matriz e fotos de grupo, o passeio teve início com uma paragem no Alto de São Bento, onde as amplas vistas facilitaram o enquadramento geográfico, geológico e histórico do território, seguindo-se um breve e ondulante percurso que levou as viaturas até ao Jardim do Miradouro, para que a comitiva visitasse o posto de turismo (para conhecer um pouco mais de Barrancos e suas gentes, e receber algumas recordações oferecidas pela autarquia) e adquirisse no comércio local alguns iguarias locais (e.g. pão, catalão, morcilha, perrunilhas); de volta à estrada, a caravana visitou a icónica fonte da Pipa, o seu moinho de imersão e respectivo açude, e a pedreira da Lancheira (ou de Mestre André), onde, com a companhia do sempre acolhedor Marcelino, foi dado a conhecer o xisto de Barrancos, do ponto de vista geológico e ornamental, que incluiu a recolha, por parte dos convivas, de amostras ricas de icnofósseis, tendo a manhã terminado com uma paragem para uma refrescante cerveja (obrigado, Marcelino!) prenunciadora do almoço. Após animado repasto em simpático espaço popular, centrado em sabores locais (em consonância com a campanha “Food for Change” do Slow Food) – e.g. catalão, morcilha, carne com tomate, perrunilhas e roscos –, a caravana regressou à estrada para uma incursão pelo Parque da Natureza de Noudar, com visita ao seu deslumbrante castelo (que incluiu uma demorada visita e algumas notas de cariz geológico-geográfico e histórico), paragens na choça do tio Marujo e no Monte da Coitadinha, onde foi possível apreciar as suas acolhedoras instalações e refrescar a garganta na sua cafetaria, com a companhia do anfitrião (e cozinheiro) Nuno Santos, e abordar o campo de refugiados que existiu nas suas imediações em Setembro de 1936, em consequência da Guerra Civil de Espanha. No regresso a Barrancos, houve tempo para uma breve deslocação ao Cadaval, espaço de romaria para as populações de ambos os lados da fronteira (nomeadamente na segunda-feira de Pascoela, o Dia das Flores), tendo seguidamente a caravana tomado a direcção da andaluza Encinasola, onde estacionou junto ao Ayuntamiento, na sua Plaza Mayor, para várias conviviais cañas na calle Portugal, que se prolongaram a uns “parabéns a você” à conviva Cidália! Terminava, assim, e para a maioria, o “III Cachondeo en Barrâncu”, tendo alguns dos aventureiros jantado e pernoitado em Barrancos…

Concluído o “III Cachondeo en Barrâncu”, que celebrou a primeira apresentação da icónica R4 ao público, que teve lugar no parisiense “48e Salon de l’Automobile”, precisamente num outro 5 de Outubro, o de 1961 (e outros 5 de Outubro foram mencionados: o de 1143, quando Afonso VII, de Leão e Castela, no Tratado de Zamora, reconhece a independência de Portugal; o de1908, que marca o início da venda do Ford T; o de 1910, com a Proclamação da República), é justo o reconhecimento aos ousados convivas presentes, que desafiaram muitos quilómetros (e.g. desde Leiria, Almancil e Cascais) até à singular Barrancos (“A Barrancos não se vai de propósito; não é uma terra de passagem, como as outras”, Norberto Franco, 2005) que muito apreciamos, e aos anfitriões que nos apoiaram e acolheram: Câmara Municipal de Barrancos (Dalila Lopes, Jacinto Saramago e Marcelino Veríssimo), Barrancarnes (Francisco Costa), Castelo de Noudar Vinhos (Manuel Chamorro) e Bar da Sociedade Barranquense (Alda Damião)…

Sempre (ou quase) em modo slow travel (passeios slow com viaturas slow por paisagens slow, degustando sabores slow em espaços slow), a próxima etapa dos “Eat-inerários Slow @ Alentejo” será, em R4, noutro clássico ou… à boleia, mais uma edição do “São Martinho com o carrinho” – a IV Expedição a Cuba, entre capelas e “capelinhas”, no dia 10 de Novembro, com tabernas, vinho de talha, petiscos, e muito mais!

 

 

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