15 Março 2018      16:59

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Igrejas de Beja de portas fechadas. Autarca diz-se envergonhado com a situação

A situação insólita decorre de uma decisão do Bispo de Beja em abril do ano passado que decidiu unilateralmente extinguir o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, responsável pelo famoso Festival Terras sem Sombra, que fez passar a responsabilidade da salvaguarda do património religioso para os párocos, levou os corpos gerentes da Associação de Desenvolvimento Regional Portas do Território a pedirem a demissão (esta associação foi constituída coma a missão recuperar igrejas, capelas e ermidas do concelho de Beja) e fez cair a parceria que existia entre a diocese de Beja e a autarquia.

Entretanto e depois de terem sido investidos 3 milhões de euros dos cofres do Estado na recuperação de 5 edifícios religiosos de Beja, que estão encerrados há quase um ano, com esta decisão do Bispo, a maioria das igrejas deixaram de estar acessíveis à população e aos turistas que visitam aquela cidade alentejana.

Numa peça assinada por Carlos Dias hoje no Público a situação é exposta e são elencados os 33 anos de actividade daquele departamento extinto onde se inclui a recuperação de várias igrejas rurais, a criação da Rede Diocesana de Museus, o Festival Terras sem Sombra, a inventariação de "500 edifícios religiosos construídos ao longo de séculos — desde os alvores do Gótico alentejano, no século XIII, até às manifestações do Barroco, na segunda metade do século XVIII — e um acervo com mais de 200 mil bens culturais, como peças de arte e arquivos".

Entretanto e depois de contactado pelo jornal, D. João Marcos, bispo de Beja disse ao PÚBLICO que está a “aguardar” que o município lhe “comunique o que pretende fazer”, frisando que “em princípio” interessa à diocese reactivar a Associação de Desenvolvimento Regional Portas do Território”.

Já Paulo Arsénio, presidente da Câmara de Beja, considera ter um problema muito grande para resolver, herdado do anterior executivo, considerando não admissível que as igrejas mantenham as portas fechadas ao público e que a situação o “embaraça e envergonha”.