Em comunicado enviado à Lusa, o Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) assumiu a falta de pediatras na urgência pediátrica, devido a baixas médicas e à rescisão de contrato de três profissionais, mas garantiu a continuidade do atendimento aos utentes.
Esta resposta surge na sequência de um comunicado divulgado pelo Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS), nesta segunda-feira, que alertava para o facto de a urgência pediátrica estar “em risco de encerrar por falta de médicos” já a partir de hoje, 1 de setembro.
De acordo com o SMZS, este serviço do hospital de Évora “conta atualmente com seis médicos pediatras, dos quais apenas três realizam trabalho noturno, por questões de limites de idade legalmente previstos, o que faz com que nem o recurso a trabalho extraordinário” seja “suficiente para assegurar a escala de urgência”.
A estrutura sindical sublinhou que “esta situação arrasta-se há vários anos”, e que os médicos têm sinalizado a sua preocupação junto do conselho de administração do HESE e da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo. No entanto, “estas estruturas gestoras deixaram deteriorar a situação”.
Além disso, com o início da pandemia de covid-19, o conselho de administração “determinou que o horário semanal destes seis médicos fosse maioritária ou integralmente cumprido em urgência, com prejuízo da restante atividade assistencial em consulta e internamento”. Tal situação tem comprometido o acesso das crianças aos cuidados necessários nestes últimos seis meses” e “torna-se particularmente insustentável tendo em conta o acréscimo de afluência expectável no inverno e a necessidade imperiosa de retomar a ‘normal’ atividade assistencial”, lê-se no comunicado enviado pelo sindicato
Assim, “com o adiamento e a suspensão de consultas e exames, tem-se assistido a um preocupante aumento de patologias graves”, acusa o SMZS, exigindo do HESE e do Ministério das Saúde “a adoção imediata de soluções que assegurem os cuidados e a segurança das crianças e as condições de trabalho dos médicos”.
Já a administração do hospital esclarece que, “até ao final do mês de agosto e início de setembro, apesar de quatro baixas de médicas pediatras, foi possível garantir o funcionamento” do Serviço de Urgência Pediátrica (SUP). Mas, “com a rescisão de contrato por parte de três profissionais, durante o mês de agosto, com efeitos a 1 de setembro, tornou-se muito difícil a captação de pediatras para substituir aqueles profissionais”, pode ler-se.
O HESE garante ainda que, “face a esta situação repentina, aplicou todos os esforços no sentido de contratar pediatras para substituir aqueles profissionais”, mas “sem sucesso, até ao momento”.
A administração realça que “para a eventualidade de não se conseguir [encontrar pediatras em prestação de serviço], neste momento, estão também a ser estudados outros modelos que garantam que as crianças continuam a ser atendidas sem necessidade de serem deslocadas para outros hospitais”.