25 Julho 2022      13:45

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Herdade alentejana recusa “a ideia de seca”

Alfredo Sendim, proprietário da Herdade do Freixo do Meio

A Herdade do Freixo do Meio, em Montemor-o-Novo, adota uma agricultura adaptada ao clima e às alterações climáticas, recusando a ideia de seca que se faz sentir em todo o território continental português.

Em declarações à CNN Portugal, Alfredo Sendim, proprietário da herdade, diz que não se revê “nesse queixume e nessa conceção da sociedade atual de ‘ano sim, ano não’ determinar uma seca. O que está mal não é a seca, mas sim os modelos que tentamos implementar que não são compatíveis com este clima e depois vimos determinar secas”.

Nesta herdade, o solo é protegido com ramos das árvores, para garantir a eficiência do ciclo da água que acaba por surgir nas charcas. Ao contrário do que acontece nas barragens, no solo a água não evapora com o calor. A água não é muita, mas é suficiente para os animais e para as culturas que se adaptam às condições climatéricas do Alentejo.

De acordo com David Avelar, biólogo, especialista em alterações climáticas e investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a prática e o discurso deste proprietário tem suporte científico.

“O teor de matéria orgânica é muito superior”, explica o investigador, adiantando que esta matéria orgânica “é a esponja da natureza”. Assim, “na Herdade do Freixo do Meio, a água do solo vai-se estender durante mais semanas”.

“A agricultura convencional tipicamente tenta controlar o sistema: independentemente do clima, independentemente se vai chover, eu vou-lhe dar água”, refere ainda David Avelar. Contrariamente, nesta herdade com 600 hectares e mais de trinta trabalhadores, seguem-se os princípios da agricultura biológica sem químicos e da agroecologia.

 

Fotografia de jornaldenegocios.pt