14 Novembro 2020      11:15

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Há homens grávidos e doentes com 134 anos?

Os dados que têm sido disponibilizados pela Direção Geral de Saúde (DGS) aos cientistas que ao longo do tempo têm analisado a evolução da covid-19 em Portugal, e que têm sido utilizados como base ao Governo e aos médicos para decidir como combater a pandemia, contêm erros graves e alguns completamente absurdos.

A análise efetuada por um grupo de 12 investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) e do Departamento de Medicina da Comunidade da Universidade do Porto, conclui que “os dados extremamente altos para a idade e os baixos efeitos de algumas comorbidades estão, provavelmente, relacionados com a pobre qualidade da base de dados utilizada”.

Para se perceber o caricato da situação, surgem casos de homens com covid-19 registados como “grávidos e há um doente com 134 anos. Além disso, 19 infetados terão sido registados como tendo tido a doença antes de o primeiro caso ter sido diagnosticado em Portugal, e, portanto, antes de se terem começado a registar os dados”.

Lê-se no início de um parágrafo que refere outros problemas: “Havia três pacientes do sexo masculino e uma mulher mais velha (97 anos de idade) registados como grávidas.

Segundo os mesmos investigadores “Em Março, a base de dados tem mais casos e mais mortes do que estão nos boletins [diários da DGS] e não conseguimos justificar muito bem porquê, e em Junho, não temos mesmo nenhuma morte e de facto, se formos ver aos boletins, encontramos 155 mortos”.

É mais do que evidente a falta de fiabilidade dos dados registados e que nos são apresentados pelas entidades públicas. Também me parece evidente que estes dados são mais do que decisivos para se tomarem decisões. É com base em dados errados que se tomam decisões erradas!

Quando questionada a senhora Diretora Geral da Saúde sobre os erros gravíssimos dos dados registados, desvalorizou totalmente esta situação. Com um pouco de humildade poderia ter assumido a responsabilidade, pedir desculpas e garantir a correção imediata.

Num País do ´´faz de conta`` vale tudo. Pode-se brincar com a saúde pública, tomar decisões erradas com informações erradas, e nada acontece!

Como é possível confiar nos nossos decisores? Sinceramente, não é possível. Esta é daquelas situações que nos levam a aumentar os nossos índices de desconfiança.

São estes mesmos decisores que mantêm o SNS com 253 ventiladores parados por falta de uma peça. Ridículo! Ou melhor, incompetência!