14 Dezembro 2020      12:06

Está aqui

Guia de boas práticas e aplicação ajudam Igreja de Évora a preservar o património

D. Francisco Senra Coelho, Arcebispo da Arquidiocese de Évora

A Direção Regional de Cultura do Alentejo elaborou um documento “auxiliar” para a conservação e restauro do património da Arquidiocese de Évora, avança a Renascença. Este guia de boas práticas apresenta ainda, em parceria com a Fundação Eugénio de Almeida, a aplicação “Inwebparoquias”, para facilitar o processo de atualização do inventário do património cultural e religioso.

De acordo com a Renascença, a iniciativa partiu do arcebispo, D. Francisco Senra Coelho, e foi desenvolvida pela Direção Regional de Cultura do Alentejo com o objetivo de conhecer, preservar e valorizar o património religioso.

O cónego Mário Tavares de Oliveira refere que este documento é “essencial para uma intervenção responsável”, pois “um pároco que precise de fazer uma intervenção, por exemplo, numa igreja, numa capela ou até mesmo num bem móvel, não o pode fazer de qualquer maneira, uma vez que deve obedecer a um conjunto de práticas que estão consignadas nas leis”.

O diretor do Departamento da Cultura e dos Bens Culturais da arquidiocese de Évora acrescenta ainda que o guia apresenta “aos párocos, eu diria, uma espécie de resumo das leis”, uma vez que foram “selecionados, precisamente, os pontos da lei que se referem a esse tipo de intervenções”, para fácil consulta e uma “intervenção devidamente enquadrada e contextualizada”.

Além disso, será ainda disponibilizada uma aplicação que visa facilitar o acesso e a atualização do inventário do património artístico da arquidiocese de Évora. Denominada “Inwebparoquias”, a aplicação foi desenvolvida em parceria com a Fundação Eugénio de Almeida (FEA) e vai permitir aos responsáveis pelos acervos paroquiais registar todas as alterações verificadas nas coleções de arte sacra do seu concelho, desde a data da sua inventariação.

Estas alterações incluem, por exemplo, os empréstimos para exposição ou a necessidade de intervenções de conservação e restauro, permitindo a atualização permanente desta informação.

O sacerdote explica que “vamos dotar as paróquias de uma password, e já começámos a fazer formação nesse sentido, que permita aos seus párocos o acesso aos dados da sua paróquia ou da sua área pastoral, para que as comunidades, legitimamente, tenham acesso aos seus bens inventariados”.

Mário Tavares de Oliveira lembra também que “como sabemos, hoje em dia, a questão da segurança é muito delicada, e estes dados não podem estar acessíveis totalmente para todos, daí apostarmos na formação dos párocos”.

A aplicação vai ser apresentada no dia 17 de dezembro e será uma “base de dados de acesso público com informação sobre milhares de peças de arte sacra, documentos de arquivo e livros antigos que constituem os bens religiosos da diocese”.

O arcebispo D. Francisco Senra Coelho, que também é o presidente da FEA, afirma que “a expetativa da fundação é contribuir para a dinamização cultural da região e do país, bem como satisfazer o interesse do grande público em conhecer um património, riquíssimo, que é pertença de todos”.

“Ninguém estima e cuida aquilo que não conhece”, prossegue o prelado, e “só através do conhecimento preciso do património que se possui, é possível olhá-lo e compreendê-lo com outros olhos, outro espírito, e preocuparmo-nos com a sua conservação e dinamização”, conclui.

O projeto de Inventariação Artística da Arquidiocese de Évora, considerado pioneiro em Portugal, foi lançado em 2002 pela Fundação Eugénio de Almeida, em colaboração com a Arquidiocese de Évora, com a finalidade de estudar, valorizar e divulgar um valiosíssimo espólio que, ao longo dos séculos, uniu a fé, a tradição e a cultura de uma comunidade e de um país.

Durante vários anos, uma equipa multidisciplinar de especialistas, efetuou a inventariação dos acervos de igrejas, capelas, seminários e instituições religiosas de 158 paróquias localizadas em 24 concelhos: Alandroal, Alcácer do Sal, Arraiolos, Avis, Borba, Elvas, Estremoz, Évora, Fronteira, Monforte, Mourão, Montemor-o-Novo, Mora, Ponte de Sor, Portel, Redondo, Sousel, Viana do Alentejo, Vila Viçosa, Reguengos de Monsaraz e Campo Maior, Vendas Novas, Coruche e Benavente.

O projeto incluiu igualmente uma componente de divulgação, com vários livros editados, assim como o site bilingue onde é possível encontrar o registo fotográfico, a história e função litúrgica das peças inventariadas.

 

Fotografia de oamarense.pt