16 Outubro 2024      18:19

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Guerra do Alecrim e da Manjerona, com tempero dos nossos dias

Vivemos um tempo crucial. Cruel, complexo, imprevisível, sanguinário. Há grandes desafios por diante, como sempre tem havido ao longo da história da humanidade. Dizem alguns que faltam os líderes de outrora. Nos nossos dias, talvez essa ausência de liderança, de referência, de valores, justifique muito daquilo a que assistimos, muitas vezes incrédulos.

Dizem também outros que a qualidade dos políticos tem diminuído muito ao longo dos últimos anos, num fenómeno que é transversal a todo o globo. Por vezes, é difícil não sentir vergonha alheia quando assistimos, nas televisões, a certas declarações, comentários, acusações, muitas vezes absurdas, que nos levam a pensar sobre o modo como são proferidas.

Parece tudo surreal, da América à Rússia.  Muitas vezes, trata-se apenas de um jogo de poder, de afirmação egocêntrica, de interesses escondidos. Há várias teorias que afirmam que nós, comuns cidadãos, somos apenas fantoches no grande xadrez internacional, completamente manipulados pelos media e pelas redes sociais, que forjam as nossas opiniões com os conteúdos que vão sendo disseminados e que nos influenciam, de forma quase inconsciente. Estamos aqui, sossegados, no nosso canto, a assistir, impávidos e serenos, a tudo o que se passa em nosso redor.

Guerras, conflitos, crise económica, alterações climáticas, inflação, refugiados, um sem-fim de problemas, sem aparente resolução à vista. E pensamos que no nosso cantinho bem-amado, estamos imunes a tudo o que está acontecer, lá longe, sem pensar no reflexo que isso tem no nosso quotidiano.

Ao olhar para a nossa própria realidade, o que vemos?

Uma encenação, dita política, em torno de um documento que vai ditar o nosso futuro e permitir, ou não, que haja alguma estabilidade, essencial para os reptos e ameaças que se avizinham. Os tempos não são para brincadeiras ou táticas eleitorais. Ou seja, em vez de se discutir, aqui, de forma séria, um Orçamento de Estado, instrumento vital para a gestão do país, andamos todos entretidos com o “diz que disse”, com as supostas inverdades, com as declarações registadas em diferentes momentos e em diferentes locais, mas que, espremidas, não dão em nada...

Em suma, nada contribuem para aquilo que realmente importa aos portugueses. O que se exige é bom senso, uma análise detalhada ao que se propõe, uma avaliação dos impactos daí decorrentes e a expectativa relativamente ao que poderá ser melhorado, em diferentes proporções e de forma gradual.

Todos temos o direito de expressar as nossas opiniões e pontos de vista, mas dispensam-se as “lavagens de roupa suja”, que nada trazem de positivo e que só acabam por afastar, cada vez mais, as pessoas da política.