27 Novembro 2020      11:21

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Grupo vocal lança novo disco com obras de compositores da Sé de Évora

O Grupo Vocal Olisipo vai lançar, em dezembro, um novo disco intitulado “A Herança”, composto por 20 obras de polifonia portuguesa dos séculos XVI a XIX, vindas do arquivo da Sé de Évora, algumas em primeira audição moderna.

De acordo com a agência Lusa, entre as obras esquecidas que serão reveladas em estreia moderna, encontram-se composições de Manuel Rebelo, Francisco José Perdigão, Afonso Lobo, Miguel Anjo do Amaral, Estevão Lopes Morago, Francisco Martins, André Rodrigues Lopo e Pedro Vaz Rego.

O novo álbum foi realizado em estreita colaboração com o musicólogo Luís Henriques e, além das peças históricas, inclui um conjunto de treze poemas, “Testamentos”, de Tiago Patrício.

O maestro Armando Possante disse à Lusa que, relativamente ao património da polifonia vocal sacra da Catedral de Évora, estão representados compositores que não desenvolveram atividade na instituição, mas “possuem laços musicais” com ela, “sobretudo através da sua aprendizagem musical”, sem esquecer “os que exerceram funções na Catedral, como mestres de capela, mestres da claustra ou cantores, até ao início do século XIX, atestando a continuidade da escrita vocal a cappella nesta instituição eborense”.

O alinhamento escolhido inclui peças da chamada “geração de ouro”, do final do século XVI e da primeira metade do século seguinte, assim como da segunda geração de compositores setecentistas.

Desta “geração de ouro” foram gravados o motete “Mulier quae erat”, de frei Manuel Cardoso, mestre de capela do Convento do Carmo, em Lisboa, Manuel Mendes, com “Alleluia”, “obra conhecida em várias regiões portuguesas e no México no início de seiscentos”, de acordo com Luís Henriques, e ainda Duarte Lobo, de quem foi gravado “Magnificat Primi Toni”.

Da segunda geração de setecentos, foram gravadas peças do mestre de capela da Sé de Viseu, Estêvão Lopes Morago, dois responsórios “pro defunctis” e três motetes para o Advento, e ainda, de Manuel Rebelo, mestre de capela da Catedral eborense, o motete “Regina Caeli”.

De Francisco Martins, originário de Évora e mestre de capela na Catedral de Elvas, foi gravado o responsório das Matinas de Sábado Santo, “Plange quase virgo”, do século XVII.

O musicólogo Luís Henriques salientou a gravação de uma “Missa Dominicalis”, do tempo do Advento e da Quaresma, de Afonso Lobo. O musicólogo defende a origem eborense deste compositor, afirmando que a atribuição destas obras ao espanhol Alonso Lobo (1555-1617), por vários estudos, constitui “uma parte estranha da produção deste compositor, uma vez que só existem em dois livros de coro de Évora”.

O Grupo Vocal Olisipo é constituído por Elsa Cortez, Maria Luísa Tavares, Lucinda Gerhardt, Carlos Monteiro e Armando Possante, que o dirige, desde a sua fundação em 1988. Ao longo da sua atividade o grupo trabalhou com o Hilliard Ensemble, The King's Singers e a soprano Jill Feldman, entre outros músicos.

O grupo conquistou ainda uma menção honrosa no Concurso da Juventude Musical Portuguesa e o 1.º prémio nos concursos internacionais May Choir Competition, em Varna, na Bulgária, Tampere Choir Festival, na Finlândia, e no 36.º Concorso C.A.Seghizzi, em Gorizia, e no V Concorso di Riva del Garda, ambos em Itália.