18 Março 2016      23:47

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GROUS ABATIDOS NO ALQUEVA

No mês passado, um bando de grous -  uma ave com mais de um metro de altura, plumagem cinzento-azulada e uma mancha vermelha na cabeça - foi abatido a tiro na albufeira do Alqueva.
 
Um destas aves ficou “só” ferida e foi levada para o Centro de Recuperação de Animais Silvestres de Lisboa onde chegou debilitado e sem conseguir voar.
 
A caça desta espécie animal é ilegal, e no nosso país é mesmo considerada uma espécie vulnerável e em risco no que toca à conservação da espécie.
 
À revista da especialidade, a “Wilder” uma das biólogas do centro de recuperação, Verónica Bogalho revelou que “quando esta ave deu entrada fizemos um raio-X e verificámos que estava cheia de chumbos, além de ter uma hemorragia abundante e uma fratura grande”.
 
Face à gravidade dos ferimentos acabaria por ser feita eutanásia, pois uma asa encontrava-se já em estado de necrose.
 
Em Portugal, o Alentejo é a única região que acolhe grous, uma espécie invernante, ou seja, visitam o Alentejo nos meses mais frios, vindos do Norte da Europa.
 
Segundo dados da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, este ano, no Alentejo, foram contados 8.000 grous que por cá permaneceram até meados do corrente mês. Um número em crescendo, mas que corre ainda riscos devido à plantação de olivais intensivos ou super-intensivos e de vinhas ou dos abates a tiro.
 
Estima-se que invernem na Península Ibérica mais de 200.000 grous.
 
Carlos Miguel Cruz - coordenador nacional das contagens, pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea) – revelou que “os concelhos mais importantes são Arronches, Campo Maior, Mourão, Évora e Moura”. Mas também podemos encontrar grous em Castro Verde, Mértola, Beja e Ourique.
 
Quando vêm para o Alentejo gostam de zonas de montados, de azinho pouco densos, zonas alagadas, pouco declivosas e ribeiras de regime torrencial, onde o alimento é mais abundante e onde se reúnem as condições necessárias para a reprodução antes de regressar ao norte.

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