3 Setembro 2021      19:46

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Governo quer abrir escola de Medicina em Évora até 2023

Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior espera que, até 2023 (ano das eleições legislativas), o país possa ter três novas escolas de Medicina em Aveiro, Vila Real e Évora.

Em entrevista ao Diário de Notícias, Manuel Heitor defende que, à boleia do modelo britânico, deveria ser feita em Portugal uma diferenciação da duração e do nível de exigência da formação de médicos consoante a especialidade.

“Se me pergunta outro objetivo, que sei que é muito complexo, mas que estamos a trabalhar nisso, é certamente o alargamento do ensino e da modernização do ensino da Medicina. Espero chegarmos a 2023 com a possibilidade, ou as oportunidades, de virmos a ter três novas escolas de ensino da Medicina, nomeadamente em Aveiro, Vila Real e na Universidade de Évora”, disse.

Ainda segundo o ministro, foi recentemente formado o centro académico clínico em Aveiro, estando “em preparação o futuro centro académico clínico de Évora e o centro académico clínico de Vila Real, ligado à UTAD [Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro]”.

O governante acredita que estes três novos centros vão “facilitar a capacitação científica para vir a alargar o ensino da Medicina, certamente de uma forma diversificada em relação ao que já se faz em Portugal”.

Sobre a exclusividade no SNS, Manuel Heitor defende que “não se deve obrigar ninguém a trabalhar num regime ou no outro”, mas considera que são precisos mais médicos em Portugal, o que tem de ser acompanhado com a “diversificação da oferta”, tomando como exemplo o modelo britânico, onde há uma formação diferente consoante a especialidade. Por exemplo, aponta, a medicina familiar poderia ter uma formação menos longa e exigente do que um especialista em oncologia ou doenças mentais.

“Vê-se que nós em Portugal, por opção das próprias instituições e também das ordens profissionais, formamos todos os médicos da mesma forma. Se for ao Reino Unido o sistema está diversificado, sobretudo aquilo que é a medicina familiar, que tem um nível de formação menos exigente do que a formação de médicos especialistas”, afirma.

Contudo, os estudantes de Medicina não concordam com as afirmações de Manuel Heitor. Em declarações à Rádio Observador, a presidente da Associação Nacional de Estudantes de Medicina, Catarina Dourado, considera que esta opção do Governo “não vai resolver problema nenhum”. Defende, ao invés, que se deveria pensar numa “solução efetiva” para o problema da falta de recursos humanos, que tem de passar pelo diálogo entre o Ministério da Saúde e o do Ensino Superior.

“É surpreendente que, mais uma vez, estamos a falar da abertura de novos cursos de Medicina e do número de estudantes sem pensar numa solução efetiva de planeamento dos recursos humanos médicos”, aponta. “Não é a aumentar o número de escolas médicas e, consequentemente, o número de estudantes de medicina, que vamos aumentar o número de médicos em Portugal”, sublinha.

 

Fotografia de portugal.gov.pt