13 Abril 2017      13:03

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GOLPE DE ASA DO BANDO DE ESCROQUES

Sem que se vislumbre qualquer tipo de punição, de golpada em golpada, continuam a colocar os interesses do sector financeiro à frente dos interesses dos cidadãos. Assim, na última década, foram retirados dos bolsos dos contribuintes portugueses cerca de 20 mil milhões de euros para safar um bando de escroques que, impávido e sereno, continua a esvoaçar por aí sem medo.

Pegando no caso BPN, o que causa maior revolta e a mais profunda indignação é o facto de o Ministério Público, mantendo a suspeita dos crimes de burla qualificada, branqueamento e fraude fiscal qualificada, não produzir qualquer acusação por não conseguir provar a relação quase corrupta entre banqueiros e políticos. Tendo, por isso, arquivado o inquérito a Dias Loureiro e a Oliveira e Costa. Em causa estavam suspeitas que recaíam sobre um negócio de venda da sociedade Redal, de Marrocos, com a aquisição de uma participação de 25% do capital da sociedade Biometrics, de Porto Rico, por parte do grupo BPN.

Todavia, a total ausência de controlo e de responsabilização resulta num número astronómico, que já foi noticiado: “Entre 2008 e 2015 a banca registou em perdas com crédito malparado mais de 40 mil milhões de euros. Metade deste valor, €22,9 mil milhões, foi contabilizado nos balanços dos bancos entre 2013 e junho de 2016.”

Assim se prova que o dinheiro que “sumiu” resulta, essencialmente, de créditos que os bancos concederam, sem que fossem acauteladas as devidas garantias, e que os clientes não irão pagar na sua totalidade ou cuja recuperação é muito difícil. Relativamente às perdas associadas, é dito que as mesmas têm sido absorvidas pelos bancos.

No fundo, estamos perante um enorme eufemismo. Na realidade a fatura tem pesado mais sobre os contribuintes do que propriamente sobre as instituições bancárias que de forma irresponsável concederam créditos indevidamente.

Mas, o mais ridículo da situação são os milhares de milhões de euros que foram concedidos e emprestados a algumas das mais proeminentes figuras portuguesas do mundo dos negócios e da política e que, pura e simplesmente, nunca irão ser recuperados.

Sem nenhuma margem de dúvida, é este o bando de escroques que enriquece ilicitamente aos nossos olhos e às nossas custas.

Por outro lado, há, ainda, os que beneficiam diretamente do festim, nomeadamente as gigantes da auditoria financeira e outros consultores financeiros responsáveis pela implementação dos resgates à banca, que na prática absorvem centenas de milhões de euros do erário público.

A contundência dos números é cruel e perversa para o contribuinte português, que em última análise irá assumir direta e indiretamente a ajuda financeira de resgate à banca portuguesa para garantir a estabilidade e o correto funcionamento dos mercados financeiros.

O golpe de asa é que ninguém consegue provar nem punir os actos de extrema ganância praticados por este bando de escroques, que continua a usufruir das suas casas de luxo e a beneficiar da riqueza que extorquiram às famílias portuguesas, sendo que a fortuna acumulada ilicitamente permanece intocável sob o formoso manto dos paraísos tropicais onde, por acaso, se esconde muito do dinheiro sujo.

Quanto às dívidas? Essas, pagamos nós!

Imagem de capa de Foto: Virgílio Rodrigues / Algarvephotopress / Global Imagens e DN