9 Março 2016      15:19

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AS “GOLPADAS” DO LÍDER SOCIALISTA

"VISÃO PERIFÉRICA"

Com tanto mediatismo a esgueirar-se entre as diversas fontes de comunicação social, torna-se difícil e distante relembrar um percurso “rajada” encenado pelo atual primeiro-ministro na sua demanda pela execução do tão desejado poder.

Não, não bastou a total e arrojada falta de solidariedade na conquista da liderança do Partido Socialista em 2014, quando entoou que a necessidade principal no partido era a unidade e coesão, relegando António José Seguro para fora do baralho. Post hoc, como se esse primeiro ajuste fosse apenas um prólogo, seria ainda responsável por uma frigida vitória nas europeias, por uma derrota nas legislativas cimentada ainda com a maioria absoluta de Marcelo Rebelo de Sousa.

Mesmo saindo derrotado em toda a linha, não se conforma a moral maniqueísta, portanto a bem ou a mal, ou fortemente influenciado pelo tema “À minha maneira” dos Xutos e Pontapés que certamente escutou quando foi admitido na Ordem dos Advogados em 88, ano em que também o single foi lançado, Costa soma e segue.  

Presumo que terá sido nessa altura que lhe invade uma epifania e o súbito entendimento daquilo que deverá ser o seu dever e missão no país: Salvar Portugal da austeridade, do empobrecimento, perpetuando a sua veia heróica e altruísta.  

Taticamente, celebrou um acordo de “mínimos” com a esquerda, cuja conceptualização ainda não entendi totalmente porque no interesse da governação nacional colocar um rótulo embebido em tão pouca convicção é querer certamente que a guloseima não lhe escape por entre as mãos.

Vem o Orçamento de Estado para o presente ano, e ao que parece, numa viagem através do tempo, teríamos um documento à Robin dos Bosques. Pois bem, à luz dos factos fomos empurrados através do eufemismo a apelidar um orçamento “austero” de “restritivo” conseguindo assim aumentar impostos, penalizar quem investe e quem cria postos de trabalho, exortando o populismo da esquerda na reversão de politicas que visavam a contenção orçamental, essencialmente no setor público.

Há que lhe reconhecer a resiliência e engenho por declarar esta negociação como se de uma grande vitória se tratasse, desde o braço-de-ferro com Bruxelas à subsequente dramatização em praça pública. Ao fim ao cabo conseguiu maquilhar um orçamento que ao contrário do que era proclamado é sem dúvida de austeridade, é da esquerda portuguesa, e contrasta com tudo aquilo que estes partidos apregoavam nas suas politicas de último reduto da proteção dos interesses de todos os portugueses. Mágico!

Conquanto, o que sabemos de acordo com os mais recentes indicadores e previsões económicas é que o crescimento português não será aquele enfatizado pelo PS, a divida essa irá continuar a acumular-se e o Estado-Papão irá devorar tudo com uma enorme insaciedade. Tudo isto se consubstancia e valida com a noticia de que efetivamente Portugal terá que implementar medidas adicionais para cumprir as regras europeias.

Mas isso não interessa nada, são meramente aspetos técnicos, pois quem aconselha em tom moralista os portugueses a romper com os seus vícios pecaminosos é quem deve no meio de tudo isto ter algum zelo e razão. Lembra-me um tal livro em que a bicheza toda se revolta para que possam ter uma vida mais digna e justa, mas onde afinal todos os animais são iguais, no entanto alguns são mais iguais que outros.

O Líder falhou, a politica necessita mais que nunca de ser dignificada, de criar condições para a estabilidade e para os compromissos. Resta-me questionar quanto tempo durará a lógica avassaladora dos dividendos políticos de Costa, e se campanha eleitoral que já está a dirigir não fará o país mergulhar de novo no abismo.

 

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