7 Maio 2022      11:00

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A geração que virá depois

Somos feitos de carne, de osso, de músculo, de nervo, de água, de sangue, de uma combinação tão quase perfeita que seria quase impossível descrever num tão curto texto todas as características que nos compõem e que nos marcam.

Todos os elementos foram criados e conjugam-se de forma admirável. Todos os elementos começam de forma quase invisível, vão crescendo, amadurecem e envelhecem até ficarem como pó na terra que os vi nascer.

A geração anterior não é diferente desta geração agora, nem se diferenciará demasiado da geração que virá depois. Pode e haverá alterações entre o antes, o agora e o depois. No fundo, porém, a essência que nos compõe é a mesma.

Num tempo passado, na memória do túnel da luz do tempo, viveu a geração do antes, uma geração que tinha preceitos e conceitos e feitios e direitos diferentes desta geração do agora. Conhecemos, todos ou quase na nossa totalidade, a geração de antes, a geração que veio. Reconhecemos aquilo que nos deu e aquilo que nos deixou. Foi essa geração e todas as gerações antes dela que construíram os nossos castelos, as casas que usamos, destruímos ou remodelamos. Foi a geração do antes, a que esteve e foi, que planeou as nossas cidades, que inventou os nossos carros, a nossa eletricidade. Todo o nosso estilo de vida, a nossa capacidade de construir, de pensar e de sonhar foi-nos dada por essa geração.

Num tempo que é contínuo e que segue as leis da física, marcado pelo sol que nasce e adormece, em horas inventadas por nós, cada geração ocupa um lugar especial nesses dias. Vive-os intensamente, muda o que a rodeia com furor, umas vezes positivamente, outras de forma destrutiva. O tempo continua a conhecer gerações.

A de agora assenta naquilo que a de antes lhe legou e constrói, destrói, cimenta e muda o espaço no tempo. Fá-lo, tantas vezes, sem reconhecer o que veio antes e, muito menos, sem pensar no que virá depois e naquele que será o seu legado. Terá a geração que virá depois que, no espaço e no tempo que agora, a nossa geração, lhe concede, construir os alicerces para os seus lares, definir as pedras de toque e pensar, acima de tudo, recordado a geração de antes, a de agora e a sua própria que aquilo que verdadeiramente interessa é a geração que virá depois.