25 Setembro 2022      11:45

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Fomos à festa com os "Baila Maria"

A amizade e a paixão pela música estiveram na génese deste projeto que surge em 2015. Conhecidos como os Baila Maria, a banda alentejana já percorreu o país de norte a sul com o seu baile moderno que atravessa todas as tendências musicais. O projeto começou apenas com dois elementos, mas atualmente já atuam com cinco e até mesmo com sete membros.

No passado mês de agosto lançaram o seu primeiro videoclip, uma versão da música “Rosa à Janela”, tema de João Gil e de Rui Veloso, já disponível em todas as plataformas digitais. André Silva, David Cameirão e Mário Ramos são os vocalistas e os principais responsáveis pelo projeto.

Em conversa com o TA, os três jovens alentejanos contam-nos como surge este projeto e falam-nos do trajeto percorrido até aos dias de hoje.

 

Como e quando é que surge este projeto?

Este projeto surge em maio de 2015. Na altura o David e o Miguel já tinham qualquer coisa na manga, só os dois, duas guitarras e duas vozes, muito à base de covers do cancioneiro português, anos 80, um rock mais suave. Surgiu a oportunidade de irmos os três (Mário, David e Miguel), que já tocávamos numas brincadeiras, nuns jantares, numas coisas menos profissionais, convidaram-me para tocar com eles nas festas do Baldio, foi o nosso primeiro concerto. Fomos, era para ser só um concerto, mas, entretanto, com esse veio outro e outro e isto foi se formando. Conversámos e decidimos avançar mais a sério com isto. Já lá vão sete anos e não podia correr melhor.

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Ou seja, o grupo surge entre amigos, em grande parte pela paixão pela música?

Sim, sem dúvida alguma. Como o Mário referiu quando começámos era só eu (David) e o Miguel, em termos mais acústicos, no entanto, apareceu o Mário e começámos a crescer cada vez mais. Agora tem estado tudo a correr mesmo muito bem.

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Os Baila Maria começaram apenas com apenas três elementos, no entanto hoje em dia já atuam com cinco e até com sete membros. Consideram que este acréscimo de vozes e instrumentos foi algo positivo para vocês enquanto grupo?

Sim, claramente. Não tem nada a ver um espetáculo com três músicos e depois outro com cinco ou com sete. Em relação ao nível instrumental não tem nada a ver, dá muito mais “power” ao espetáculo e as pessoas gostam muito mais, é mais animação. 

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Porquê a escolha do nome “Baila Maria”?

Porque na altura em que erámos ainda os “D&M” e decidimos “ou vai ou racha”, mudaram muitas coisas. Umas das principais foi a entrada do André com o teclado, que acrescentou muito e deu também muito conforto e muito mais segurança a um projeto que era de dois e agora começava a ser de três. Com a entrada do André e com uma mudança ligeira no reportório e tentando também outros objetivos e outras ambições, não fazia sentido continuar com o nome “D&M”.

Várias ideias na mesa e eu e o David quase em conjunto lembramo-nos, isto é para dançar, para animar, para ir buscar algo também ao flamenco e ao espanhol. Tinha que ter baile ou baila e isto é uma coisa para toda a gente dançar, portanto o nome mais comum é Maria e tentámos combinar as duas coisas e ficou os “Baila Maria”. Mas pode bailar toda a gente, a Maria, o José, a Mariana, a Margarida….

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Qual é o vosso fio condutor em termos de questão musical?

O nosso projeto musical vai muito ao encontro em termos de rumbas, música popular portuguesa, música sertaneja… O que eu costumo dizer a todas as pessoas que me fazem essa pergunta ou fazem uma pergunta num outro sentido, eu costumo dizer que o estilo musical é um baile moderno, porque tocamos tudo o que é popular para as pessoas se animarem, divertirem-se e dançarem. É esse o objetivo cada vez que nós atuamos em palco, é que as pessoas se divirtam, cantem as músicas e dancem também, daí “Baila Maria”. Portanto, baile moderno. 

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Lançaram, recentemente, o vosso primeiro videoclip, uma versão da música “Rosa à Janela”. Como é que foi o feedback e o acolhimento a este projeto?

Foi um feedback que nós não estávamos à espera. Foi muito bom, o videoclip deu muito trabalho, tal como a música, mas em relação ao feedback foi brutal, foi mesmo uma coisa inesperada e estamos orgulhosos daquilo que fizemos. Termos um espetáculo longe da nossa terra e vermos pessoas a cantar a música “Rosa à Janela” é de louvar e vimos que fizemos realmente um bom trabalho. 

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Como é que funcionou todo o processo, foi algo autónomo?

Isto foi tudo 100% autodidata. Foi tudo feito por nós, foi uma ajuda conjunta dos três, dos quatro e dos cinco, porque mesmo que não estejam mais presentes diretamente participámos todos os elementos da banda, chamemos-lhe os cinco principais e foi tudo feito por nós. A primeira parte, a gravação da música foi com uma grande ajuda do estúdio do David, o Dream Sound Homestudio, que ajudou com tudo o que é a gravação da música em si, masterização, composição, arranjos, foi tudo feito aqui e por nós. Cada um tocava e entrava na sua parte e no fim juntou-se tudo com a ajuda do David.

Depois, a música é tão bonita e está tão bem conseguida com um arranjo feito por nós que tínhamos que honrá-la e tentar dinamiza-la mais ainda para as pessoas, isto com um videoclip. Tudo arranjado e pensado por nós também, gravado pelo Miguel e editado por mim (Mário), mas com a participação dos cinco, num conjunto. Como o André disse deu muito trabalho, muitas noites sem dormir, mas compensou. O feedback foi mesmo positivo e obrigado a todos por terem gostado.

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O êxito foi tão grande que conseguiram fazer com que o videoclip chegasse aos autores desta música, que vos parabenizam por esta versão.

Sim, de facto também tivemos esse feedback por parte do João Gil e do Rui Veloso. Não estávamos à espera que a música desse um salto tão grande, mas, no entanto, correu mesmo muito bem. Acho que o trabalho que fizemos e a dedicação que entregámos ao realizar a música deu, de facto, resultados.

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Porquê a escolha deste tema para primeiro lançamento nas plataformas digitais?

Decidimos escolher este tema porque era um tema que não tinha muita visibilidade e nós achávamos que merecia mais. É uma música do cancioneiro popular português, que foi composta por dois grandes maestros e dois grandes senhores com muito peso na música, que são o Rui Veloso e o João Gil, e interpretada muito bem pelo Baile Popular, que não é nada mais nada menos que um grupo maioritariamente de alentejanos. É uma música que vai buscar muito a parte do cantar alentejano, mas com um arranjo um bocadinho mais moderno, mais direcionado para cima do país.

Como ninguém a tocava, e nós quando a ouvimos pela primeira vez gostámos muito da música, quase sem querer fizemos um arranjo muito nosso e muito bonito e com todos estes fatores conjuntos decidimos apostar mais na música e ainda bem, achamos que foi uma aposta ganha.

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No passado dia 13 de agosto, tiveram a oportunidade de tocarem, pela primeira vez enquanto Baila Maria, na Exporeg (Feira de Atividades Económicas de Reguengos de Monsaraz). Falem-me um pouco desse concerto.

Esse concerto tem muito que se lhe diga. Foram sensivelmente seis meses de preparação, tínhamos um peso muito grande nas costas. Para além de ser a nossa terra, tínhamos de fazer um brilharete. Apostámos muito nesse concerto, muito trabalho, trabalhámos muito bem as músicas, tudo bem que já as tocávamos, mas evoluímos ainda muito mais em cada ensaio que fazíamos. Como disse foram seis meses, seis meses a fazer a mesma coisa, mas esse concerto, e tanto eu como os meus colegas, dizemos que foi o concerto do ano. Olhar para aquela plateia, para aquela multidão, primeiramente não foi fácil, entrámos um bocado nervosos, mas quando chegou ao fim e recebemos o feedback, tanto por parte de amigos familiares e muito importante da Câmara de Reguengos, foi uma coisa de outro mundo, foi muito bom para nós e para a nossa evolução.

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Sentem que esse esforço que dedicaram à preparação do espetáculo foi compensado pela atuação e pela receção do público?

Sim, sem dúvida. O que nós fazemos como banda exige de facto muito trabalho e muita dedicação, perdemos muitas horas a tratar de reportório, a tratar de outras situações da banda para que isto tudo corra muito bem. No entanto, acho que o concerto da Exporeg foi de facto muito bom, e agradecemos desde já ao Município de Reguengos de Monsaraz o convite, demos tudo nesse concerto, mas pronto já passou e agora o que nós queremos é que cada vez venham mais concertos desses.

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Tocar naquela que é a vossa terra e a vossa casa, torna o sentimento mais especial?

Torna a coisa um bocadinho mais especial e torna a coisa um bocadinho grande. Exige mais responsabilidade, tínhamos muita coisa nos ombros, muito peso, porque tinha de ser perfeito. Um sábado da Exporeg, uma oportunidade desta dada a uma banda que tem crescido muito, mas ainda tem muito para crescer foi mesmo a prova de fogo e a prova de fogo em casa tem sempre um duplo peso. Trabalhámos muito, foram seis meses de muito trabalho, muita preparação, como o André já disse, apostámos o que tínhamos e o que não tínhamos.

Normalmente somos cinco elementos, na Exporeg foram sete, com uma voz feminina, a Stefanie também deu um grande apoio e um grande sustento e também conseguimos ir um bocadinho mais longe com ela. Isto são tudo pequenos pormenores, mesmo até a nível do espetáculo, também apostamos muito em termos visuais, tentamos fazer um espetáculo direcionado para quem nos estava a ver, mesmo para as festas. Era um sábado, era na nossa terra, era a festa que era e tínhamos essa responsabilidade e acho que conseguimos sair por cima.

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Sei que têm trabalhado num original, que já foi apresentado em alguns dos vossos concertos. Para quando um lançamento oficial nas plataformas digitais?

Digamos que nós estamos a trabalhar, estamos a apresentar esse original nas nossas atuações, tanto na Exporeg como nos próximos concertos também o vamos realizar. No entanto, esse original ainda irá ser trabalhado e esperamos que ainda durante este ano, mais no inverno, ou em 2023 já esteja disponível nas plataformas digitais.

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Pensam em lançar mais originais?

Claro que sim, o objetivo de qualquer grupo e de qualquer banda quando começa é cantar, mas nós achamos que já estamos um bocadinho mais à frente disso e o rumo só é um: músicas nossas, apostar em nós e naquilo que nós gostamos mais, sempre com o mesmo fio condutor, com o mesmo objetivo. Ir buscar um bocadinho de todos os géneros que nos influenciam, o flamenco está sempre muito presente, tal como a rumba, mas não há nada como tocarmos a nossa música e esperamos que as pessoas gostem tanto dela como têm gostado quando cantamos a de outros compositores, isso sim era o último reduto e ficávamos muito satisfeitos como banda.

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Tal como já foi dito por vocês, este ano foi um ano de crescimento. O que é que acham que vos levou a este caminho?

Em primeiro lugar o trabalho que fizemos até agora, porque nós somos um grupo de amigos que se dedica muito a isto e ensaiamos muito, duas vezes por semana, que tenhamos concertos ou não, e o facto de termos dois ensaios por semana, apesar de tocarmos em grande parte das vezes as mesmas músicas, faz com que evoluíamos muito. Acho que isso é fundamental para que evoluamos cada vez mais, até porque no futuro queremos mais, se podermos tocar todos os dias, tocamos.

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Para além da música, a maioria de vocês dedica-se a outras profissões. É fácil conciliar tudo?

Não é muito fácil, tem de se ter muita ajuda e isto é importante referir, porque ao fim ao cabo, apesar da seriedade com que nós levamos isto e tentamos fazê-lo com o maior profissionalismo possível, não deixa de ser, ainda, e não diria um hobby, mas uma segunda tarefa ou um segundo trabalho e primeiro trabalho é sempre o trabalho. Eu (Mário) tenho um trabalho que é das nove às sete e a maior parte das vezes também implica trabalhar ao fim de semana, é preciso muita ajuda e compreensão dos meus colegas da farmácia e também da entidade empregadora que ajuda a agilizar os processos do fim de semana, porque a ter trinta e muitos concertos num verão, no espaço de três meses, obviamente que há fins de semana que são ocupados com a música e não podem ser ocupados com outras coisas.

Este verão não tivemos um fim de semana sem concertos, 70% ou 80% deles foram sexta e sábado e muitos quinta, sexta, sábado e domingo, os últimos quatro fins de semana foram assim. É complicado conciliar, não só com o trabalho, mas também com a vida pessoal e familiar, é preciso mesmo muita dedicação e não querendo ser cliché, é preciso mesmo amor àquilo que se está a fazer, porque ir para Santo Estevão (Benavente) sexta feira, para o Turcifal sábado e para a Chamusca no domingo, no outro fim de semana a seguir para a Golegã, não é fácil, só em viagens é desgastante, mas quando chegamos lá, estamos em cima do palco e começa o primeiro acorde, compensa tudo.

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O que é que vos distingue e destaca dos demais grupos?

Cada um toca da sua forma e cada um tem o seu projeto, no entanto nós temos uma identidade muito própria. Daí nós trabalharmos nesse sentido de não copiarmos os originais das músicas, nós tentamos fazer a nossa própria versão, tentamos dar o nosso cunho à música e eu acho que isso possa ser algo que nos distinga sentido, porque todas as músicas do nosso reportório têm uma versão nossa, não copiamos claramente o original da música.

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Em termos de agenda, como vão ser os próximos tempos?

Agora vamos esperar que isto acalme um bocadinho, para também ter tempo de se fazer um momento de reflexão e de ponderar bem o que é que aconteceu e o que não aconteceu e quase como uma equipa de futebol, observar os jogos que fizemos e como é que as coisas foram evoluindo.

Já temos quatro concertos marcados para outubro, temos também três ou quatro datas para novembro e acho que uma ou duas para dezembro, mas nada como o verão, o inverno normalmente é sempre uma época mais parada, há sempre menos festas, mas parar nunca, aliás, já temos concertos marcados para julho e agosto de 2023.

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Onde é que o público vos pode encontrar ou como é que pode entrar em contacto convosco?

Podem nos encontrar na nossa página do Instagram, Facebook e YouTube. No nosso canal do YouTube temos disponíveis vários vídeos das nossas atuações e o nosso grande videoclip, da versão da música “Rosa à Janela”. A música também está disponível em várias plataformas digitais, como o Spotify, o ITunes Music e a Amazon Music.

Nas nossas redes sociais podem-nos encontrar através do nome “Baila Maria”, é seguirem e têm acesso a toda a informação sobre a nossa agenda e estamos sempre disponíveis para responder a qualquer questão do público.

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Entrevista realizada pela jornalista Joana Casca

Foto cedida pelos "Baila Maria"