20 Maio 2021      10:43

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Festival Imaterial estreia em Évora para promover património mundial

O Festival Imaterial vai decorrer entre 18 e 26 de junho, em Évora, e contempla um total de 10 concertos, uma conferência internacional, um encontro de música ibérica e a apresentação de um laboratório de investigação, sobre património, artes, sustentabilidade e território.

Segundo a agência Lusa, a organização explica que o festival pretende promover o património imaterial da humanidade consagrado pela organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), do qual o cante alentejano faz parte desde 2014, “na companhia do fado, do flamenco e de vários outros géneros musicais planetários que devem ser protegidos e valorizados”.

O Imaterial tem a sua estreia “em pleno” prevista para 2022, ano a partir do qual contará com palcos em vários municípios alentejanos, mas avança já este ano com “uma edição especial” que decorre exclusivamente em Évora, em local ainda a divulgar pela organização.

A direção e curadoria do Imaterial são da responsabilidade de Carlos Seixas, diretor artístico do Festival Músicas do Mundo, de Sines, e de Luís Garcia, programador do município de Évora ligado a festivais como o ViváRua e o Artes à Rua.

Para Carlos Seixas, trata-se de “um festival que apresenta um cartaz paritário, colocando-se, assim, na frente de combate à desigualdade de género”. Na apresentação do festival, que decorreu no salão nobre da Câmara Municipal de Évora, o curador disse que este é “um espaço intercultural favorável a uma melhor compreensão das tradições e uma aproximação ao que será o verdadeiro som do mundo”.

Já Luís Garcia descreveu o evento como “uma sucessão de episódios, de encontros, que envolvem criação artística, músicas dos povos do mundo, diálogos interculturais e fruição do património, numa espécie de centrifugadora de emoções”.

Assim, o festival arranca a 18 de junho com um concerto de Ballaké Sissoko, do Mali, e prossegue no dia seguinte com Aynur, do Curdistão (Turquia), além dos Concordu & Tenore Orosei, da região italiana da Sardenha, aos quais se junta, em palco, o Grupo de Cantares de Évora sob a direção artística de Ernst Reijseger.

A 20 de junho é a vez da húngara Mónika Lakatos dar a conhecer o seu trabalho, antes de subir ao palco a portuguesa Aldina Duarte, e a 21 de junho atuam Mastafa Said, do Egito, e Egschiglen, da Mongólia.

Mari Kalkun, da Estónia, sobe ao palco a 22 de junho, no mesmo dia que os franceses San Salvador, da região da Occitânia, enquanto no dia seguinte Faghana Qasimova, do Azerbaijão, encerra o cartaz de concertos.

No entanto, a música prossegue nos três dias seguintes, de 24 a 26 de junho, com o Iberian Music Meetings, uma “plataforma profissional” que visa “a promoção de artistas ibéricos cuja criação esteja ancorada nas raízes populares, nas músicas tradicionais e na tradição oral”.

A nota de apresentação do festival refere ainda que “ao longo de três dias, preenchidos por conferências, mesas redondas, oficinas, ‘speedmeetings’ e ‘showcases’, as músicas de raiz e expressão ibérica mostrar-se-ão a um amplo conjunto de programadores, agentes, promotores, produtores, editoras, técnicos e jornalistas de todo o mundo, potenciando o alcance internacional da sua expressão e assumindo um compromisso de celebrar as músicas ligadas ao passado, garantindo-lhes também a viabilidade de um futuro”.

Em simultâneo, terá lugar, a 24 de junho, uma Conferência Internacional sobre Património Imaterial para “alimentar a discussão e a reflexão” sobre este tipo de património, que irá juntar “vários dos maiores especialistas mundiais nesta matéria, acolhendo ainda uma série de conferências paralelas” que irão debater o património “tanto imaterial como edificado e a sua relação contemporânea com as heranças regionais”.

Já a 25 de junho será apresentado o laboratório de investigação IN2PAST (Laboratório Associado para a Investigação e Inovação em Património, Artes, Sustentabilidade e Território), projeto financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia que terá a Universidade de Évora como sede, mas envolve também, entre outras, a Universidade Nova de Lisboa e a Universidade do Minho.

Adicionalmente, durante todo o festival decorre a residência artística, que proporcionará “um encontro e um diálogo que ultrapassa quaisquer dificuldades de comunicação através da linguagem falada” entre os vários artistas participantes no festival Imaterial.

Segundo a organização, “a ideia foi simples: a de criar encontros entre tradições de canto polifónico, partindo, como é evidente, do cante alentejano. Olhar a cultura local e partir em busca de expressões semelhantes e com as quais a proximidade de linguagens possa promover esta ideia de que, por mais quilómetros que se intrometam, haverá sempre mais a unir-nos do que a separar-nos”.

Após a residência artística, os trabalhos conjuntos serão apresentados publicamente através de um concerto ao ar livre, “aberto a todo o público que se quiser tornar testemunha da música resultante desta escuta mútua”.

 

Fotografia de noticiasaominuto.com