28 Janeiro 2016      18:45

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FEITO, MELHOR QUE PERFEITO

"A FERRUGEM DO SISTEMA"

Feito é melhor que perfeito… começo assim muitas das formações e aulas sobre empreendedorismo, contudo na realidade convem perder algum tempo a analisar o mercado, e se existe mesmo a necessidade que queremos suprimir. Muitos dos erros que se assistem na fase de arranque dos projetos é chegar-se à conclusão que a necessidade era apenas aparente, e que não trazia qualquer valor acrescentado ao cliente.

Por maioria de razão, estas máximas também se aplicam na política. No passado domingo, os portugueses foram chamados a escolher o mais alto magistrado da nação, o Presidente da República, e deram o feedback sobre a proposta de valor de cada um dos candidatos.

Nunca antes tínhamos visto uma primeira volta com tantos candidatos; nunca antes tínhamos visto tão diferentes candidatos. Basicamente tínhamos candidatos para todos os gostos e feitios, tínhamos candidatos políticos, candidatos cidadãos, candidatos proto-políticos, candidatos oficiais de partidos, candidatos oficiosos e candidatos independentes.

No final do dia, em linha com o que tem sido hábito, verificou-se uma abstenção de aproximadamente 50/100 do eleitorado, ou seja, apesar da diversidade de escolhas, as propostas não mobilizaram os eleitores, o que revela que, em muitas das candidaturas, não foi analisado o “mercado”… a mensagem simplesmente não era aquela que os eleitores queriam ouvir.

Para espanto de alguns, embora óbvio para outros, ganhou o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, que na minha opinião foi aquele que melhor se preparou. Durante anos “estudou” o “mercado”, ajustou a mensagem e fez a sua (uninominal) campanha, com uma entrega quase sem mácula, diria perfeita do ponto de vista da teoria de marketing politico.

Podemos agora dizer que as esquerdas falharam por não terem candidato único, podemos dizer que as esquerdas falharam porque Marcelo tinha “apoio” e bons media, mas a realidade desmente esta ficção, a esquerda perdeu por erros de casting e atuação no passado recente; a esquerda perdeu porque pura simplesmente não soube transmitir uma mensagem que impedisse que eleitores de todos os partidos fossem reforçar a votação do presidente eleito.

Este presidente é o presidente de todos os portugueses, eleito com cerca de ¼ dos eleitores, mas isso não lhe tira a legitimidade que obteve com o seu resultado… afinal temos que repensar a questão da abstenção… será que 50/100 dos portugueses queriam fazer mesmo um protesto (não votando), ou apenas acharam que a vitória já estava assegurada, e que não faziam diferença? Nunca saberemos…

Acabo como comecei, feito é melhor que perfeito… e Marcelo fez… fez a sua campanha, nos seus moldes, sob as suas ideias, esperemos agora que faça uma boa presidência, não necessita sequer de ser perfeita, basta que seja feita sob égide dos princípios de liberdade, igualdade que se impõem a uma republica digna desse nome.

 

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