À data em que esta crónica se encontra a ser escrita, estão a caminho de Lisboa, milhares (segundo a comunicação social) de pais e alunos que se irão manifestar contra os cortes no ensino privado.
Não pondo em causa o direito à manifestação é sem dúvida de censurar a utilização abusiva feita por pais e professores dos seus filhos e alunos em toda esta polémica.
Ver crianças em manifestações a gritar palavras como “liberdade” mexe com qualquer um e coloca-nos a pensar seriamente em todo o movimento que se anda a criar em torno da cor amarela.
Ver cartas dirigidas a políticos “assinadas” por crianças com conteúdo claramente escrito por adultos agrava também este tipo de pensamento em torno de todo este movimento.
A forma como os pais destas crianças andam a monopolizar e a usar os seus próprios filhos é sem dúvida escandalosa e passível de colocar em causa o movimento amarelo (cor claramente associada ao Vaticano como todos sabemos).
Que se manifestem e lutem por razões e direitos que crêem ser o deles tudo muito bem, agora por crianças a gritar palavras de “liberdade” e a acenar cravos em nome de uma “nova revolução” como tenho ouvido alguns dizer, é claramente abusador quando, decerto, muitos deles não conhecem o conceito de liberdade e da revolução a que aludem por não terem ainda idade para os percepcionar.
Para além dos pais que claramente manipulam os seus filhos, tão ou mais grave são os professores e psicólogos que recorrem à influência que têm nos estudantes destes estabelecimentos de ensino para deles conseguirem objectivos próprios.
Quando são os próprios professores a desrespeitar os pilares base do ensino, como querem que alguém os respeite e os oiça?
Repetindo, o que aqui se coloca em causa não é o direito à manifestação e à liberdade de expressão, o que aqui se coloca em causa é a legitimidade que os protagonistas e responsáveis desta febre amarela julgam ter para colocar crianças a gritar palavras de ordem sem que saibam o que as mesmas significam.
Liberdade sim, desrespeito à liberdade de actuação e pensamento é que não.
Imagem de capa de Marcos Borga do Expresso, aqui.