12 Junho 2018      21:37

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Falemos de jogos de tabuleiro modernos

É esta a primeira de um conjunto de crónicas que escreverei para o “Tribuna Alentejo” e que serão dedicadas aos jogos de tabuleiro modernos (também conhecidos pelo termo anglo-saxónico “board games”). Na verdade, a designação mais correcta será jogos de mesa, uma vez que nem todos se apresentam com um tabuleiro, mas optarei por utilizar a denominação mais corrente.

Talvez o leitor se pergunte o porquê da escolha deste tema como base para uma coluna de opinião. Embora de forma mais ou menos discreta para o público em geral, os jogos de tabuleiro têm assumido um papel fundamental e cada vez mais reconhecido em diversos aspectos do nosso dia-a-dia.

Diversos estudos comprovam que os jogos de tabuleiro são um instrumento poderoso de desenvolvimento de competências cognitivas, sociais e culturais. E é por isso que são considerados por muitos como uma das mais poderosas ferramentas de educação não formal disponível de forma acessível à generalidade da população. Cada vez mais assistimos à sua utilização nas escolas, em centros de formação, em unidades de saúde e nas empresas.

O seu potencial de contribuição para acções de intervenção social é imenso, existindo já diversos exemplos no nosso país da sua aplicação em projectos com comunidades locais, com grupos desfavorecidos da população, em estabelecimentos prisionais, com refugiados, em hospitais, entre outros.

Em termos económicos, temos assistido a um crescimento exponencial do sector: nos anos mais recentes têm sido produzidos anualmente mais de mil jogos novos, há mais de 90 mil títulos à disposição do consumidor, as vendas no mercado europeu têm crescido entre 25% a 40% ao ano. Os dois principais eventos internacionais dedicados aos jogos de tabuleiro - a Gen Con (E.U.A.) e a Spiel (Alemanha) - bateram os seus recordes de afluência de público nas edições de 2017 (a Spiel chegou a receber 44 mil pessoas num único dia).

Mas de que estamos a falar exactamente quando nos referimos a jogos de tabuleiro modernos? Para o efeito destas crónicas, e correndo os riscos associados à categorização e generalização, optarei por adaptar a classificação que Stewart Woods utiliza no seu livro “Eurogames - The Design, Culture and Play of Modern European Board Games”, dividindo os jogos de tabuleiro em três grandes grupos: Jogos Clássicos, Jogos Comerciais e Jogos de Nicho.

Jogos Clássicos são aqueles que não têm propriamente um autor, sendo conhecidos desde a antiguidade (xadrez, por exemplo). Pelo contrário, os Jogos Comerciais referem-se a títulos comerciais que são produzidos e vendidos em grande número, sendo os mais conhecidos e jogados pela população em geral. Podemos dividi-los em 3 tipos principais: jogos familiares produzidos e popularizados nos séculos XIX e XX (Scrabble e Monopolio são dois exemplos); “party games”, que envolvem habitualmente um número alargado de jogadores; e jogos licenciados (associados a programas de televisão, por exemplo).

Jogos de Nicho são aqueles que não se encontram direccionados para a venda em massa, mas sim para públicos específicos e que são normalmente associados a um hobby. Neles incluímos, por exemplo, os jogos de guerra (“War Games”), que simulam actividades de estratégia militar, os “Role-Playing Games” (RPG), os “Collectible Card Games”, entre outros.

Sobre isto, e muito mais, falarei em posteriores crónicas. No entanto, não posso terminar sem apresentar a mais importante razão pela qual decidi eleger os jogos de tabuleiro como tema central dos meus textos: eles são divertidos e entusiasmantes!

Vamos jogar?