14 Novembro 2022      12:50

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Évora vai ter “voz que não tem hoje” no contexto nacional e europeu

Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara Municipal de Évora, e Paula Mota Garcia, coordenadora da equipa de missão

A equipa que está a trabalhar na candidatura de Évora a Capital Europeia da Cultura acredita que, quando chegar 2027, a cidade vai ter uma “voz no contexto nacional e europeu” que não tem hoje, adianta Paula Mota Garcia, coordenadora da equipa de missão.

Em declarações ao jornal Público, a responsável reconhece que “a Capital Europeia da Cultura é um enorme desafio”, e que o processo para lá chegar pode ajudar a criar ferramentas preciosas para travar a perda de pessoas que é novidade na história da cidade, mas crónica na região.

“A partir do exercício de escuta e observação, conseguimos identificar fragilidades na região e na cidade, mas também uma enorme riqueza cultural e artística”, sublinha. “Também ouvimos muitas vezes: ganhem a capital que eu vou viver para aí. Começou a haver o entendimento de Évora e do Alentejo como uma região possível, de futuro”, adianta Paula Mota Garcia.

Contudo, o mote que a candidatura escolheu para traduzir “o vagar”, um certo modo de estar alentejano, parece um paradoxo numa altura em que se pretende acelerar a dinâmica cultural da cidade. Paula Mota Garcia sublinha que, neste conceito de “vagar”, “o tempo não é mais lento, mas há uma forma diferente de estar no tempo e no espaço”, baseada numa ideia de equilíbrio, de coexistência, que tem em conta o passado histórico, bem como as relações com a terra e com o céu. E a organização espera dar aos artistas esse espaço e esse tempo para investigar, criar, errar e insistir.

“Não queremos a gentrificação nem a confusão das outras cidades. A Capital Europeia da Cultura não pode estragar este ‘tempo’, tem de ser feliz para os residentes, para quem cá está”, afirma a responsável. E prevenir esse problema passa por uma programação “diversificada e partilhada com outros agentes do território”, que obriga o visitante a passar tempo em Arraiolos, em Montemor-o-Novo ou em Grândola, exemplifica. Neste ponto, toca também noutra das preocupações do júri de seleção, que considerou que o alcance regional da candidatura deveria ser reforçado.

Logo na primeira fase, a candidatura, encabeçada pela câmara municipal, juntou na sua estrutura executiva agentes da cidade, como a Universidade de Évora ou a Fundação Eugénio de Almeida, mas também entidades regionais como a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central, a Direção Regional de Cultura, o Turismo do Alentejo, a Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional e a Agência Regional de Promoção Turística.

Note-se que Évora aguarda ainda a visita do júri, que deverá decorrer no dia 28 de novembro, pouco mais de uma semana antes ser conhecida a decisão, a 7 de dezembro. As quatro cidades candidatas (Aveiro, Braga e Ponta Delgada também estão na corrida) já submeteram o seu dossier de candidatura final. Évora, que ainda só tornou pública a primeira versão do bid book, entregue há um ano, não lhe fez alterações profundas. “É um dossier de continuidade, no qual deixamos mais clara a capacidade da região para acolher este grande evento e reforçamos também toda a dimensão europeia da candidatura”, diz Paula Mota Garcia.

 

Fotografia de dianafm.com