Francisco de Holanda, pintor e humanista, nascido em Lisboa por volta de 1517, filho do ilustre iluminador “ganto-brugense” António de Holanda, foi um dos mais relevantes expoentes da reflexão estética no renascimento português.
Iniciado nos domínios da arte da iluminura e do retrato na oficina de seu pai, Holanda viveu primeiro em casa do infante D. Fernando, em Lisboa e Abrantes e depois junto do cardeal-infante D. Afonso, em Évora, de quem foi moço de câmara.
A presença de Holanda em casa do cardeal infante D. Afonso foi essencial à sua formação e ao que viria a ser o seu papel enquanto artista plástico, tratadista e esteta. D. Afonso, um fervoroso humanista, foi exemplar enquanto prelado e empenhado reformador. Holanda era ouvinte assíduo das lições de André de Resende, nas aulas que este abriu nos Paços de Évora por volta dos anos de 1533. Nesta “Escola Pública de Letras Humanas” foram também professores os humanistas Aires Barbosa, Pedro Margalho e D. Francisco de Melo. A este grupo juntaram-se ainda os estrangeiros Clenardo e João Petit, que com Jorge Coelho, Manuel da Costa e Pedro Sanches transformaram a cidade num novo centro cultural, em Portugal e na Europa do século XVI.
É neste ambiente que circula o jovem Holanda numa fase crucial da sua vida. Em Évora, anos 30 do século XVI Francisco de Holanda recebe uma formação humanista trabalhando particularmente com André de Resende à volta do passado clássico (romano) na preparação de uma viagem que reforçaria da formação eborense e alteraria, muito significativamente, o rumo e a influência da cultura italiana nos meios artísticos e culturais nacionais. Depois de Roma, durante uma nova estadia da corte de D. João III em Évora, entre 1544-1545, Holanda dará início, à execução das imagens da Criação do Mundo para a sua obra magistral DE AETATIBVS MVNDI IMAGINES.
A exposição, com comissariado científico da Professora Sylvie Deswarte-Rosa, dá a conhecer ao público o ambiente intelectual e artístico dos anos de formação de Francisco de Holanda em Évora, anos que terão a maior importância para a teorização artística no Portugal de quinhentos, integrando obras provenientes do Museu Nacional de Arte Antiga, do Museu Nacional de Arqueologia, da Biblioteca da Ajuda, da Biblioteca Nacional de Portugal, da Biblioteca Pública de Évora, da Biblioteca Central de Marinha, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, da Academia das Ciências de Lisboa, do Museu de Évora, do Cabido da Sé de Évora, do Arquivo Histórico da Câmara Municipal de Évora e do Arquivo Distrital de Évora.
A inauguração acontece a 28 de dezembro, sábado, pelas 17h00, no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo – Museu de Évora.