O município de Évora identificou 38 pessoas a viverem em situação de sem-abrigo no concelho, e acompanhou um total de 138 em quase um ano.
Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto e Sá, indicou que os dados mais recentes sobre o número de sem-abrigo de que a autarquia dispõe dizem respeito ao levantamento efetuado em setembro deste ano.
Na altura, foram identificadas 72 pessoas, que “estão em acompanhamento”, 38 delas numa situação que é designada como “sem teto” e outras 34 com a indicação de “sem casa”.
“Os sem casa têm algum abrigo e os sem teto não têm abrigo nenhum”, precisou o autarca, referindo que, assim sendo, os sem-abrigo no concelho “serão 38”.
Segundo Pinto de Sá, entre finais de 2022 e setembro deste ano, foram acompanhados 138 sem-abrigo em Évora. Entretanto, “foi possível encontrar uma solução” para 24 deles, que “já não estão nesta condição”.
“Mas os números são muito variáveis de mês para mês, porque temos algumas pessoas que entram e saem do concelho” com frequência, sublinhou o presidente, referindo-se a cidadãos nómadas e estrangeiros.
De acordo com a mesma fonte, o número de estrangeiros em situação de sem-abrigo em Évora “tem vindo a aumentar”, pois, no final de 2022, representava 21% e, no levantamento de setembro deste ano, já atingia os 36,5%.
“Dentro dos permanentes, temos pessoas que querem estar na rua e não aceitam soluções, o que também tem a ver com casos de doenças mentais, e outras que ficam temporariamente desalojadas por alguma razão ou que vêm de outros concelhos”, notou Carlos Pinto de Sá.
Perante esta situação, foi criado em Évora um Núcleo de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo (NPISA), que surgiu no âmbito do Conselho Local de Ação Social (CLAS) e que dispõe de uma equipa de apoio.
Constituída por quatro técnicos, esta equipa “faz rondas, assegura a alimentação e o acompanhamento das pessoas e procura encontrar soluções” para os sem-abrigo junto “não apenas da câmara, mas também de várias instituições”.
“Já temos disponibilizado, em alguns casos, através da [empresa municipal de gestão habitacional] Habévora, casas para podermos encontrar uma solução”, sublinhou Pinto de Sá.
Um outro mecanismo de apoio aos sem-abrigo neste concelho alentejano é o projeto “IN-Visibilidade”, coordenado pela delegação de Évora da Cruz Vermelha Portuguesa e que junta várias instituições, como a Santa Casa da Misericórdia de Évora.
“Este projeto tem uma equipa multidisciplinar que assegura apoio às pessoas na rua e faz habitualmente rondas pelos locais onde pernoitam ou onde as conseguimos identificar”, procurando “fazer um acompanhamento individualizado”, salientou.
O “IN-Visibilidade” também procura “criar capacitações profissionais” para contribuir para a integração destas pessoas na sociedade.
A Câmara de Évora pretende ainda criar um centro de acolhimento temporário na cidade, no edifício do antigo Lar dos Pinheiros, num investimento previsto de 750 mil euros, com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“Esse projeto está a avançar e esperamos que o concurso para a requalificação do edifício possa ser feito em 2024”, concluiu o autarca.
Fotografia de ec.europa.eu