18 Março 2021      09:47

Está aqui

Évora desenvolve moléculas para tratamento de vários tipos de cancro

Uma equipa de investigação da Universidade de Évora (UÉ), liderada por Anthony Burke, professor do Departamento de Química, desenvolveu uma série de pequenas novas moléculas que mostram potencial para o tratamento de vários tipos de cancro, incluindo o linfoma difuso de grandes células B (DLBCLs).

A academia alentejana, em comunicado enviado a este jornal, adiantou ainda que o desenvolvimento destas moléculas foi patenteado a nível europeu. Os resultados foram obtidos por Anthony Burke e Carolina Marques, investigadores do grupo de Síntese Molecular da UÉ, um dos 11 grupos que integram o Laboratório Associado para a Química Verde (LAQV-REQUIMTE), em colaboração com investigadores internacionais de Centros de I&D da Suíça e de Espanha.

De acordo com Anthony Burke, o “linfoma difuso de grandes células B (DLBCL)” é “o tipo mais comum de linfoma” e “afeta muitas pessoas”. Assim, as moléculas desenvolvidas “mostram potencial também para o tratamento deste tipo de linfoma, o DLBCL”, um tumor maligno do sistema linfático em que as células tumorais são os linfócitos B, de tamanho grande, que proliferam e infiltram o gânglio de forma difusa.

O investigador revela também que as novas moléculas “foram sintetizadas usando métodos químicos sustentáveis com catalisadores metálicos”, e “apresentam uma estrutura química relativamente simples e são construídas por dois anéis heterocíclicos (um composto que tem um anel, do qual fazem parte pelo menos dois tipos diferentes de átomos), e em alguns casos são quirais, ou seja, não podem ser sobrepostos à sua imagem especular (espelho).”

Para o professor, a investigação na área da Química é “absolutamente fundamental” na deteção e tratamento do cancro, uma doença que apresenta altas taxas de morbilidade, sendo esta investigação mais um passo na direção do desenvolvimento de novas formas de tratamento do cancro.

Adicionalmente, os investigadores da UÉ encontram-se agora “a identificar os alvos moleculares destas moléculas para permitir melhorar as suas características estruturais e assim aumentar a sua potência farmacológica”, para que proximamente “possamos avançar com estudos pré-clínicos e conseguir determinar a sua potência in vivo e o seu comportamento geral no organismo do animal”, revela Anthony Burke.

O investigador lembra igualmente que “estas moléculas também mostram atividade na área de doença de Alzheimer, principalmente na inibição de uma enzima importante para a progressão da doença chamada butirilcolinesterase”, tendo o grupo de investigação publicado este estudo no ano passado na revista internacional Bioorganic Chemistry, também aqui em colaboração com grupos estrangeiros, da Espanha, Itália e da Alemanha.

Recorde-se ainda que esta equipa de investigadores liderados por Anthony Burke produziu um novo inibidor da enzima Colinesterase, fundamental para assegurar a comunicação entre neurónios em doentes com a doença de Alzheimer.