26 Abril 2025      10:52

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Évora confirma incapacidade de financiar sozinha o Festival Imaterial

Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara Municipal de Évora
Carlos Pinto de Sá, presidente da Câmara Municipal de Évora

A Câmara Municipal de Évora confirmou a impossibilidade de financiar sozinha a 5.ª edição do Festival Imaterial, inicialmente prevista para 16 a 24 de maio de 2025, após a Fundação Inatel ter retirado o seu apoio financeiro. O anúncio do cancelamento, feito em dezembro de 2024, gerou uma onda de indignação, culminando numa carta aberta com centenas de subscritores, incluindo artistas como a fadista Lina, dirigida ao presidente da autarquia, Carlos Pinto de Sá.

Em declarações à agência Lusa, Pinto de Sá explicou que o apoio da Inatel, que representava menos de 20% do orçamento total do festival, era essencial para a sua viabilidade. “Não temos condições financeiras para, com este corte, podermos manter o festival”, justificou, adiantando que a decisão da Inatel foi comunicada numa reunião com a vice-presidente da fundação, Eduarda Maria Gomes Marques, e reflete novas orientações estratégicas que priorizam outras áreas. Apesar de uma contraproposta para realizar uma edição reduzida, com menos dias e artistas, a autarquia manteve a decisão de cancelar o evento.

O Festival Imaterial, iniciado em 2021, é uma parceria entre a Câmara de Évora e a Fundação Inatel, com produção executiva da Gindungo e direção artística de Carlos Seixas. O evento, que promove o Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, inclui concertos, cinema documental, conferências, passeios pelo património e atividades para escolas e famílias. Em 2024, a 4.ª edição atraiu mais de 6.000 participantes, reforçando a sua relevância cultural e a ligação com a designação de Évora como Capital Europeia da Cultura em 2027. O festival foi ainda distinguido com o prémio “Contribution to Equality” nos Iberian Festivals Awards, destacando o seu compromisso com a inclusão e a multiculturalidade.

A carta aberta, publicada em 25 de abril de 2025 no jornal Público, expressa “espanto e indignação” com o cancelamento, sublinhando o sucesso do festival em afirmar Évora como um ponto de encontro global de culturas. Os subscritores criticam a falta de justificações plausíveis e de esforços para encontrar soluções alternativas, argumentando que o Imaterial conquistou reconhecimento nacional e internacional, atraindo um público crescente e consolidando uma identidade única. “Cancelar o Imaterial depois de tudo isto obrigaria a uma justificação plausível e ao esgotamento de todas as soluções”, refere o documento.

Pinto de Sá admitiu estar a analisar opções para o futuro, incluindo a possibilidade de novos parceiros ou formatos, mas frisou que “o Imaterial, como se realizava, não vai ter lugar”. A autarquia enfrenta agora o desafio de responder às expectativas da comunidade e dos agentes culturais, num contexto de limitações financeiras e de preparação para 2027, quando Évora partilhará o título de Capital Europeia da Cultura com Liepaja, na Letónia.

 

Fotografia de oatual.pt