15 Abril 2016      14:01

Está aqui

ENCADERNAÇÃO ARTESANAL MADE IN ALENTEJO

Chama-se Célia Figueira, tem 36 anos, é arquiteta paisagista, é natural de Évora e é a responsável pela Oficina dos Cadernos, em Évora, um projeto dedicado à encadernação artesanal, que inclui livros e cadernos, álbuns para fotografias e outras peças inteiramente executadas à mão, segundo processos tradicionais. Conheça estas verdadeiras peça de arte em https://www.facebook.com/oficinadoscadernos/?fref=ts


 

Tribuna Alentejo – Como começou esta sua relação com os cadernos? O que os torna únicos e especiais na sua vida?

Célia Figueira – Quando estudava no secundário, na área de Artes, tinha que ter sempre um diário gráfico comigo e foi aí que, em vez de utilizar cadernos de compra, comecei a fazer os meus próprios cadernos com papel para desenho, às vezes misturando papéis diferentes. O que os torna especiais é pensar que cada um deles será o repositório das memórias de alguém. E que daqui a 20, 50, 100 anos alguém irá poder consultar esses cadernos e ter contacto com o que foi o quotidiano de quem elaborou o conteúdo desse caderno.

Tribuna Alentejo – Como é que a Célia começa a dedicar-se a criar estes cadernos, livros, álbuns... à mão?

Célia Figueira – Os primeiros cadernos foram elaborados ainda na escola, embora a aprendizagem tenha sido em casa, mas comecei com o projeto Oficina dos Cadernos mais a sério quando comecei a fazer cadernos para oferecer no natal, à família e amigos. O feedback foi positivo e partiu daí a ideia de transformar o que até aí tinha sido um hobby num pequeno negócio.

Tribuna Alentejo – A Oficina dos Cadernos é uma Unidade Produtiva Artesanal certificada pela PPART. Para quem não sabe, pode explicar o que isso significa ao certo?

Célia Figueira – Uma unidade produtiva artesanal é uma unidade económica, legalmente constituída e devidamente registada, de alguém que desenvolva uma actividade artesanal. Estas unidades são certificadas atualmente pela CEARTE (antiga PPART) e têm como objetivo reconhecer as atividades artesanais e os seus executantes, reforçando a consciência social da importância das artes e ofícios como meio privilegiado de preservação dos valores da identidade cultural do país.

Tribuna Alentejo – A Célia tirou uma formação nesta área?

Célia Figueira – Não, todo o percurso é autodidata. Aprendi as técnicas básicas com o meu pai, designadamente a técnica de costura portuguesa e tenho ido aperfeiçoando algumas técnicas com a prática e com base na tentativa e erro. Tenho consciência que muito há para aprender nesta área e é algo que quero continuar a fazer, seja através de aprendizagem formal ou informal.

Tribuna Alentejo – De que forma se inspira no Alentejo durante o processo criativo?

Célia Figueira – A inspiração vem da própria paisagem alentejana que incorporo em algumas das minhas peças de forma estilizada, designadamente pirogravura sobre cortiça ou bordado sobre burel. Utilizo também outras referências culturais da região como por exemplo o princípio dos taleigos, através da utilização de tecido feito de retalhos nas capas dos cadernos.

Tribuna Alentejo – Qual a sua relação com o Alentejo?

Célia Figueira – Sou natural de Évora e embora tenha vivido alguns anos fora sempre mantive uma relação próxima com a região.

Tribuna Alentejo – Onde podemos comprar estas peças?

Célia Figueira – As peças podem ser adquiridas online através da página no Facebook, através da loja online A Little Market, em algumas lojas físicas em Portugal e na Holanda, em feiras de artesanato e brevemente numa loja online através do website (http://oficinadoscadernos.weebly.com).

Tribuna Alentejo – Quem são os principais clientes da Oficina dos Cadernos? Nota que há um segmento que predomina?

Célia Figueira – Os clientes da Oficina são muito diversificados. Os produtos agradam a todas pessoas e a todas as idades, uma vez que há cadernos com variadíssimos temas e que podem ser utilizados também para as mais variadas finalidades.

Tribuna Alentejo – Esta é a profissão que sempre quis ter?

Célia Figueira – De momento posso afirmar que é uma profissão que gostaria de exercer a tempo inteiro. É, sem dúvida, algo que me dá imenso prazer fazer.

Tribuna Alentejo – Onde vê a Oficina dos Cadernos daqui a 10 anos?

Célia Figueira – Espero consolidar a presença online e em lojas, aumentar o público-alvo e quem sabe ter um espaço próprio tipo oficina/loja para venda direta ao público.