24 Janeiro 2018      10:42

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A EMERGÊNCIA DE UMA CERTA RAZÃO DE ESTAR

Começou um novo ano, por esta altura todos fazemos promessas, a nós próprios, sobre aquilo que queremos alterar ou mesmo banir. Mas esta emergência de uma certa razão de estar confronta-me com binariedades, com dualismos entre o certo e o errado, confronta-me com ambiguidades permanentes.

Os movimentos disruptivos vão surgindo e, por vezes, apoderam-se dos nossos dias enquanto as economias discursivas vão impondo os seus limites.

Todos continuamos a querer ser mais livres; todos lutamos pelo consolidar das liberdades alcançadas. Mas, nem todos, nos conseguimos libertar se pensarmos que já somos livres. Para nos libertarmos temos de nos consciencializar de que algo nos prende, de que estamos “amarrados” a qualquer coisa.

No meio de tanto pressuposto há um tema que continua a marcar a minha vida: a educação. Sei que pensar a educação é difícil. Imutável, há séculos - mesmo contrariando quem pensa o contrário - muitos questionam as práticas, mas alterações estruturantes teimam em ser adiadas. Alteram-se calendários, reformulam-se metas, modificam-se objetivos, tentam-se reorganizar currículos, mas, não se conseguem transformar mentalidades. Continuamos a olhar para a educação com o olhar dos Jesuítas.

Avançamos fora do tempo, fora do tempo em que os pensamentos não diagnosticam as necessidades, fora de um tempo em que o passado ainda domina o presente. Pensemos na contra-escola, numa escolha de textos com diferentes leituras e entendimentos, numa escola de liberdades onde as aprendizagens reflitam a vida.

A emergência de um debate libertário de como pensar, de modo reflexivo, está por realizar e, enquanto tal não acontecer os adiamentos continuarão a castrar as nossas crianças. Os sindicatos (e eu sou sindicalizada) não evoluem à mesma velocidade que as necessidades dos alunos; os professores/educadores (e eu sou educadora) com medo das novidades, preferem manter os mesmos paradigmas de há séculos. Mas os encarregados de educação também não estão motivados para as mudanças. Estes continuam a preferir que os filhos sejam escolarizados o mais cedo possível, esquecendo toda a riqueza das experiências conseguidas nas brincadeiras e na exploração do meio envolvente. Já não lhes é permitido subir às árvores, deitarem-se no chão, chapinharem nas poças de água, saltar os muros… Os pais preferem filhos “limpinhos” e formatados e os professores/educadores alinham para seu comodismo.

Esta emergência sentida na banalização, em olhar para aquilo que devemos ver, não nos ajuda a procurar a dignidade possível para podermos ser felizes, solidários e para nos tornarmos cada vez mais LIVRES.

Imagem de capa de irishtimes.com