8 Junho 2016      11:13

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EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS

"SEM MEIAS, NEM PEIAS"

A Noruega parece estar determinada em proibir a venda e a circulação de veículos a gasolina e gasóleo no seu território.

Embora não haja qualquer documento assinado, segundo o jornal escandinavo Dagens Næringsliv, haverá uma intenção legislativa a ser preparada pelos quatro principais partidos políticos do país, que cogita como resultado a interdição de venda de qualquer tipo de automóvel não eléctrico a partir de 2025.
 
Apesar de inicialmente ter acolhido a ideia com enorme satisfação, passada a euforia refleti um pouco mais sobre este assunto, nomeadamente no que concerne às deslocações individuais, e concluí que mais importante do que proibir a utilização de automóveis não elétricos seria criar condições de suprimir as vantagens de possuir um automóvel particular.
 
À escala global, considero que o problema não se resolve apenas com a substituição de um tipo de combustível mais poluente por outro menos poluente. Resolve-se com alternativas de mobilidade.
 
A escolha do modo de transporte mais eficaz e mais adequado deveria estar sempre presente na tomada de decisão do cidadão comum e dos gestores das empresas que lidam com transportes de pessoas e mercadorias de longa e média distância. A análise das vantagens e das desvantagens de cada modo de transporte permitiria tornar as decisões mais adequadas e sustentáveis em termos ambientais.
 
Contudo, estou ciente, que a escolha nem sempre é um processo simples e normalmente cede a critérios financeiros em detrimento de critérios ambientais.
 
Ainda assim, considero salutar a intenção Norueguesa, apenas penso que não ataca a raiz do problema, muitos outros meios de transporte poluidores são deixados de fora.
 
Logo, entendo que esta iniciativa se foca exclusivamente na diminuição da intensidade carbónica resultante da utilização excessiva dos automóveis, que em parte deriva da falta de mobilidade.
 
Portanto, não vislumbro neste intento ações concretas que permitam estimular a mobilidade sustentável em detrimento do predomínio crescente das deslocações em veículo próprio.
 
Em termos ambientais, mais eficaz seria promover a diversificação da oferta de proximidade com bons níveis de acessibilidade, o que certamente requer investimentos avultados.
 
No entanto, independentemente do curso que a iniciativa norueguesa venha a ter, uma coisa é certa o debate já lançou amarras para o desenvolvimento de um novo paradigma de mobilidade sustentável.
 
 
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