10 Junho 2019      10:15

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Em Beja a dança serve para incluir

Quando dançar é muito mais que isso. Este é um artigo sobre o “InclusiveDance” – Grupo de Dança Contemporânea, um projeto desenvolvido pelo Centro de Paralisia Cerebral de Beja (CPCB).

Este grupo de dança está longe, muito longe de ser um vulgar grupo de dança; não tem bailarinos do Bolschoi russo nem nada que se assemelhe, mas os seus integrantes sentem-no como tal e divertem-se a fazê-lo. Este grupo de dança contemporânea inclui pessoas com mobilidade reduzida que se deslocam em cadeiras de rodas.

Criado a partir de uma ideia da presidente da direção do CPCB, Francisca Guerreiro, em articulação com a diretora técnica do Centro de Atividades Ocupacionais do CPCB e as Eunice Fortes (monitora) e Bruna Silva (terapeuta ocupacional), este projeto foi a forma encontrada para fazer os utentes do CPCB exprimirem os seus sentimentos e emoções.

Por ser uma dança livre e espontânea, a escolha recaiu na dança contemporânea e que permite aos utentes do CPCB movimentos corporais livres e muito pouco coreografados.

Sérgio Lopes de 42 anos, Sofia Dias de 34 anos, Adriana Lopes de 25 anos, Fernanda Marreiros de 48 anos, Tânia Carvalho de 36 anos e Milene Simões de 36 anos, têm dificuldades em exprimir-se verbalmente, têm mobilidade reduzida e ainda várias limitações a nível cognitivo, mas nada disso os impede de integrar este projeto e de manifestarem uma imensa alegria durante as sessões de Expressão Corporal.

A criação deste grupo cumpre assim vários objetivos: usar a dança como instrumento para superação de algumas limitações, desenvolver uma maior consciência corporal, treinar o autocontrolo e diminuir a ansiedade, promovendo assim a sua autoestima, e ainda um outro face ao exterior: quebrar barreiras e preconceitos promovendo uma maior integração na comunidade.

O grupo tem um ensaio semanal, onde se trabalha ao nível da perceção do espaço, da dramatologia e das competências rítmicas.

Formado no início deste ano, as solicitações para atuações têm-se sucedido, tendo já atuado para o Embaixador e o Cônsul honorário da República Federal da Alemanha, e na 36a Ovibeja a convite do IPDJ.

“Eu não sabia que podia dançar estando numa cadeira de rodas, agora sei que consigo e que gosto muito de o fazer. E quando danço sinto muitas coisas que vêm cá de dentro, que vêm do coração” - revelou Fernanda Marreiros que tem dificuldades na expressão oral e e está em cadeira de rodas. Sofia Dias, outra utente do CPCB diz que se sente livre e leve ao dançar às voltas na cadeira.

Segundo a diretora do CPCB, Francisca Guerreiro, “Este é um grupo perfeito na imperfeição, os nossos corpos não são perfeitos, nenhum de nós é perfeito” e “veio permitir às pessoas que estão em cadeira de rodas, poderem dançar, dar-lhes essa oportunidade e, sobretudo, essa liberdade”.

Para este grupo dançar, mais que cultura, mais que arte, representa uma melhoria da sua qualidade de vida.

 

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