25 Dezembro 2018      10:06

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Em Alqueva nada se perde, tudo se transforma

Nas últimas décadas de agricultura no Alentejo foi dada pouca relevância à importância da matéria orgânica no solo. É no entanto esta a característica diferenciadora que permite ao solo lidar com as variações bruscas provocadas pela agricultura e, em última instância, o que permite a cada um de nós continuar ter a mesa cheia. Os solos das áreas de regadio de Alqueva apresentam classes de capacidade de uso altas mas são pobres em matéria orgânica, ou sejam, estão ainda muito longe do seu verdadeiro potencial.

Como prática comum nos terrenos agrícolas, os restos orgânicos da agricultura são na sua grande maioria enterrados, ou, em menor quantidade, queimados, (palhas e restolhos, restos de podas, folhas, bagaços, casca), pelo que não estavam a ser aproveitados para enriquece a terra de nutrientes e até, reter a humidade e reduzir a erosão do solo.

Criada no âmbito do projeto URSA - Unidades de Recirculação de Subprodutos de Alqueva, da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), está a ser constituída uma rede de unidades para recolha e posterior transformação de subprodutos orgânicos que sobram de culturas agrícolas em fertilizante - através do processo de compostagem - para aplicação nos solos na área de abrangência do Alqueva. Um bom exemplo da muito em voga "Economia Circular" que estende o uso e ciclo de vida dos produtos. Ao todo serão 10 as unidades, com uma delas com um rio de influência menor que 10 quilómetros.

O fertilizante orgânico produzido será depois entregue aos agricultores que doarem subprodutos orgânicos para ser aplicado no solo.

Já em curso está a primeira unidade experimental, no concelho de Serpa, e que conta já com financiamento aprovado pelo Fundo Ambiental Português, através do programa Apoiar a Transição para uma Economia Circular e esta unidade experimental está a ser desenvolvida pela EDIA em parceria com o Instituto de Soldadura e Qualidade.

Segundo a EDIA, a aplicação deste fertilizante orgânico vai permitir reabilitar gradualmente as diversas funções ambientais do solo, aumentar a resiliência do território perante as alterações climáticas e promover a qualidade da água e a sustentabilidade económica e ambiental do regadio do Alqueva e o projeto URSA foi distinguido, este mês, com o 1.º lugar do Prémio Economia Circular nas Empresas do Baixo Alentejo e Litoral, promovido pela Associação Empresarial do Baixo Alentejo e Litoral e pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo.

 

Imagem de pordentrodoagro.strider.ag

 

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