19 Agosto 2019      10:33

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Em 30 ou 40 anos, grandes áreas no Alentejo já não terão condições para fazer vinho

Jorge Böhm é alemão, nascido em 1938 em Neustadt an der Weinstrasse, a viver em Montemor-o-Novo desde 1976, onde produz vinho. Numa entrevista dada hoje ao DN Böhm explica que visitou Portugal pela primeira vez em 1961, depois de o veleiro em que seguia com amigos a caminho das Seicheles ter sido abalroado por um barco de pesca em Cascais. Nunca mais quis deixa o país.

Com várias gerações da família ligadas ao vinho, desde o tempo em que Napoleão foi imperador, Böhm começou a importar para a Alemanha depois comprou uma quinta em Montemor-o-Novo e começou um longo e difícil processo de seleção de castas. Hoje produz ali vinho mas dedica-se também à investigação.

Este ligado à certificação dos vinhos do alentejo e publicou vários livros. Para além disso trabalhou também com a Universidade de Évora para introgredir nas nossas castas genes de outra espécie que são resistentes ao míldio e oídio. Defende mais investigação e acredita que em poucas décadas a aplicação de fungicidas vá ser reduzida de tal forma pela União Europiea, que a viticultura tradicional vai deixar de funcionar.

Em 2017, fez um simpósio sobre vinha sustentável e tem defendido que com a mudança de clima "dentro de 30 ou 40 anos, grandes áreas hoje de viticultura no Alentejo já não terão condições para fazer vinho".

Para o efeito defende que é importante começar a trabalhar em castas mais resistentes. "De manhã, quando saímos de casa, temos 14 graus - a temperatura ideal para o vinho. E com água e com rega talvez se consiga sobreviver. Mas, no interior, no Redondo, etc., vão ter grandes problemas", declara convicto.

Imagem de capa de Reinaldo Rodrigues.