30 Novembro 2020      10:02

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Diretores de escolas exaustos após 9 meses de pandemia de covid-19

Os diretores de escolas, assim como professores, sentem-se exaustos e ponderam abandonar o cargo que os obriga a estar alerta 24 horas por dia para garantir o funcionamento, em segurança, das escolas durante a pandemia de covid-19, avança a agência Lusa.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, afirma que “os diretores estão muito cansados até porque, além do trabalho, existe uma enorme pressão para que corra tudo bem. É muito extenuante e vários colegas têm-me confessado o desejo de abandonar o cargo”.

Fátima Pinto, que lida diariamente com os problemas de 1500 estudantes em Elvas, não consegue contabilizar o tempo, mas sente que o “dia não chega para tudo”.

No agrupamento de Elvas, “todos os dias há casos” e por isso os telefonemas com a responsável da Proteção Civil – que faz a ligação entre a escola e o delegado de saúde – já fazem parte da rotina de Fátima Pinto.

A carga do telemóvel da diretora do agrupamento de Elvas “agora só dura para meio-dia”. Mas o pior é a sensação de “o dia não chegar para fazer tudo” desde que surgiram os primeiros casos em Portugal, lamenta a diretora.

Quando um professor adoece ou fica em casa em isolamento profilático, a escola tem de arranjar alternativa para não prejudicar os alunos. “Às oito da manhã temos de ter o problema resolvido”, relatou.

Contudo, nesta missão, “não são só os diretores que estão cansados. Todo o corpo docente está esgotado”, lamentou Fátima Pinto.

De acordo com a Lusa, todos os diretores recordam o trabalho colaborativo entre docentes, a disponibilidade para dar formação a colegas e até para irem a casa das famílias ensinar alunos e pais a usar os computadores e plataformas.

Segundo a diretora do agrupamento de Elvas, “nós, professores, chegámos a casa dos pais com uma rapidez estonteante. Foi tão rápido que até nós nos surpreendemos”. A pandemia obrigou a criar, apenas num fim de semana, a tal “escola covid”, mas também foi preciso “acalmar os pais”, recordou ainda o presidente da ANDE.

 

Fotografia de observador.pt