Um silo de armazenagem datado entre o período medieval e a época moderna foi descoberto no edifício da Casa Cordovil, da Universidade de Évora (UÉ), durante as obras no parque de estacionamento do edifício.
Em comunicado, citado pela agência Lusa, a UÉ explicou que Leonor Rocha, professora do Departamento de História e diretora do Doutoramento em Arqueologia da academia alentejana, vai agora colaborar com o Laboratório HERCULES, da mesma universidade, para “obter mais informações sobre este silo, que se encontrava tapado por uma pedra com cerca de 60 centímetros”.
Segundo a responsável, “podemos efetivamente ter nestes sedimentos informação relativa ao período medieval/moderno”. Agora, é “necessário crivar as terras retiradas do interior do silo e verificar a existência de sementes, entre outros elementos orgânicos, que nos permitam compreender como era o ambiente da época, hábitos de alimentação, entre outros dados relevantes, o que é extremamente interessante”, acrescentou.
O silo agora descoberto “é semelhante aos silos anteriormente encontrados na região (talha) e na cidade de Évora”, sendo que apresenta “um diâmetro com cerca de 1,60 metros” e calcula-se que possua “entre 1,60 a 1,80 metros de profundidade”.
Segundo a universidade, o interior do silo encontrava-se parcialmente vazio, mas nele foram encontradas “duas bilhas de cerâmica utilizadas, crê-se, para conservar cereal ou outro tipo de alimento”.
“Pode ter sido para armazenar azeitonas ou frutos secos, ou mesmo carne", avançou a investigadora da UÉ.
Do interior do silo já foram, entretanto, retirados pelos arqueólogos diversos fragmentos: “alguns ossos de animais, mas até agora não muitos, fragmentos de cerâmicas, algum material de ferro”, segundo Leonor Rocha, chamando a atenção para as duas bilhas bem conservadas que permanecem no interior.
“Se o interior destas bilhas não for vidrado significa que têm paredes porosas e, como consequência, este material absorveu o conteúdo, sendo assim possível determinar o que guardavam”, explicou.
O Laboratório HERCULES poderá determinar o que armazenavam estas duas bilhas, uma vez que possui equipamentos para o efeito.
“É provável que existam aqui outros silos, atendendo ao substrato geológico aqui existente, menos compacto, propício para este tipo de construções” sublinhou a professora da UÉ, referindo que poderiam ser identificados através de prospeção geofísica.
A UÉ lembrou ainda que no Alentejo é “relativamente frequente encontrar-se este tipo de silos”, mas destacou que “este apresenta um estado de conservação muito significativo, ainda estava tapado e não estava completamente cheio”.
“O que é interessante para os estudos que pretendemos fazer e obter mais informação” considerou a investigadora, que olha ainda com “especial interesse”, segundo a UÉ, para um fragmento vidrado e de cor esverdeada encontrado no local, que “pode remeter para o período islâmico”.
Fotografia de ciberia.com.br