3 Agosto 2020      10:49

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Democracia Parlamentar

Nas eleições legislativas, votamos num grupo parlamentar que defende as nossas posições no hemiciclo, por isso, nomeações de comissões formadas por civis nem deveriam ser equacionadas, quando, a função de quem elegemos é a de representarem os seus eleitores.

No período Salazarista, o único período de oposição fora feito pela Ala Liberal, já no fim da ditadura Portuguesa, com Marcelo Caetano. Com o 25 de Abril, a força do parlamento português está assente na fiscalização, no debate inclusivo dos pequenos partidos e nas propostas conferidas pelo poder legislativo. Em 2007 António José Seguro lider do PS propôs debates quinzenais, ou seja, de quinze em quinze dias o primeiro ministro é chamado ao escrutínio dos parlamentares, os que nós, enquanto eleitores, elegemos. Cavaco Silva sempre foi contra este modelo, proferindo a célebre frase “ Maria, deixa-me trabalhar” ( Maria, sendo a mulher dele, Maria Cavaco Silva) alegando que o ato do escrutínio parlamentar, não é trabalho e impede o verdadeiro trabalho político.

Rui Rio hesitou quanto às suas intenções parlamentares, daí nem se ter apresentado como cabeça de lista pelo Porto. Provavelmente a sua vontade de vir dormir a casa lançaram-no na investida de propôr o fim dos debates quinzenais para um modelo de presença do primeiro ministro de 2 em 2 meses.  António Costa foi atrás desta canseira laboral e promulga esta proposta, dias antes de pedir em casamento BE e PCP para uma nova geringonça. Assim Rui Rio fica com o ónus da redução da fiscalização ao PM e António Costa esquiva-se.

Num período onde se avizinha a maior crise económica e humanitária que o país enfrentou, onde muitos milhões foram despendidos na TAP e novamente no Novo Banco, onde temos um consultor, António Costa e Silva a apresentar um plano económico para a atual conjuntura, ser o primeiro ministro chamado ao parlamento quinzenalmente é não deixá-lo trabalhar? Ou é empurrar a política para as redes sociais, e comentadores televisivos que tal como no futebol apenas representam os grandes partidos?

 

A bazuca Europeia que nos corta a soberania política

A União Europeia chegou a um acordo histórico. Pela primeira vez vai ser emitida divida pública, e vai entrar dinheiro em Portugal sem o termos de pagar, dinheiro essencial.

Que já estamos habituados a alguns atropelos à legislação laboral, como é o caso dos recibos verdes, ou pior que tudo às empresas de trabalho temporário, que deveriam apenas ser recrutadas durante processos de recrutamento, e não ter trabalhadores com deveres iguais aos contratados pela empresa mãe, mas sem as suas regalias.

Pegando na bazuca Europeia, destacamos a importante injeção de capital que o país vai ter, acreditando agora que não cairá nas mãos dos donos disto tudo, e que servirá para o combate às eternas desigualdades sociais, à industrialização do país (acabando com o fetiche pelas start ups, que não havendo indústria forte não têm onde se sustentar) e a aposta numa ferrovia nacional, que é uma vergonha aos olhos Europeus.

Agora vem o “como vai ser aplicado o dinheiro” ou melhor, como nos vão impôr este dinheiro e quem mais saiu beneficiado. Criou-se um travão de emergência, no qual basicamente não é preciso uma maioria qualificada para um país membro impôr o fim desses empréstimos. Se algum país não concordar com a forma como estão a ser geridos tais capitais haverá um travão imediato. Os incautos acreditam numa supervisão sobre a gestão do dinheiro, os realistas creem num supervisionar dos países sobre as nossas políticas laborais e de gestão da vida cívil. Assim, serão vetados quaisquer obras públicas para o interior do país pois não serão bens essenciais. Tudo isto seguindo-se de reformas essenciais que o estado terá que fazer para “segurar” o dinheiro, reformas essas que serão laborais, e que certamente não visarão a preocupação pelo trabalhador.  Os ditos países frugais viram as suas contribuições para a UE serem reduzidas de 3 milhões para 1 milhão e o perdão aos atropelos do estado de direito ser concedido aos húngaros.

Municiem-se os partidos à esquerda pois teremos os olhares conservadores e neoliberais dos países do Norte.

 

A ratoeira de Rita Rato

Que não é justo um comunista ser o único herdeiro da luta política contra o fascismo, a verdade é que a direita liberal estava silenciosamente adormecida, já para não falar da conversadora igreja católica.

Rita Rato, através de um concurso público foi nomeada para dirigir o museu do Aljube, um espaço político dedicado à preservação da luta contra o fascismo Salazarista. Há quem critique pelo seu currículo, e quem critique por ser ex deputada do PCP e em 2009, ter afirmado não ser estudiosa o suficiente sobre Gulags (campos de concentração no período Soviético). Rita Rato é licenciada em Ciência Política e Relações Internacionais.

O museu do Aljube, é político e conta com muito pouco espólio, não que isto justifique a ausência de um historiador na sua liderança, mas não é condição si ne qua non. Então a questão prender-se-há com, o ser comunista. O PCP, políticamente foi quem mais perseguido foi, com inúmeras figuras desterradas nas prisões políticas, por isso assim como um judeu vincará uma história mais pessoal num museu do holocausto, também alguém próximo à realidade política comunista a poderá partilhar melhor, mas repito, sem fazer da luta contra o fascismo um lobby comunista!

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Alexandre Carvalho tem 24 anos e é natural do Porto. Licenciado em Comunicação Empresarial pelo ISCAP, ligado ao ramo do design de interiores e da vertente digital. Interessado pelo panorama da política nacional conta vir viver para o Alentejo, porque se enamorou por uma alentejana

alexandremiguel.c95@outlook.com