15 Janeiro 2022      12:51

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Uma declaração transfronteiriça para "atravessar o deserto demográfico"

Dezenas de associações luso-espanholas assinaram a "Declaração de Urgência da Faixa Celta" face à ameaça de colapso demográfico na zona transfronteiriça.

Num período de apenas dois meses, mais de 60 entidades rurais assinaram uma Declaração de Urgência para promover ações e medidas que contribuam para contrariar o avanço do deserto demográfico este território luso-espanhol, problemáticas que, no entender destas associações, tem merecido uma “resposta lenta dos interlocutores institucionais supranacionais” que tardam em responder às necessidades da população rural do território transfronteiriço da denominada “Faixa Celta” luso-espanhola.

A intenção desta declaração é criar a articulação de uma resposta ao desafio demográfico. As organizações signatárias pretendem aumentar a força da sua reivindicação reunindo mais apoio de “empresas, associações e instituições locais, assim como de centros de conhecimento e investigação, instituições regionais e outras organizações de defesa dos territórios ameaçados pelo despovoamento se juntem no futuro”.

São 56 associações de desenvolvimento rural e 11 associações dos sectores económico, social e cultural que subscreveram a iniciativa; entre elas as alentejanas: ABROTTEA - Associação de Dinamização, Cultural, Histórica e Ambiental de Brotas, ADER-AL - Associação para o Desenvolvimento em Espaço Rural do Norte Alentejo, ADPM - Associação de Defesa do Património de Mértola, ASUSC - Associação Social Unidos de Santana do Campo, LEADERSOR - Associação para o Desenvolvimento Rural Integrado do Sor,  MONTES CLAROS – Associação de Desenvolvimento, ROTA DO GUADIANA - Associação de Desenvolvimento Integrado e TERRAS DENTRO - Associação de Desenvolvimento.

Formam uma densa rede de cooperação para superar a adversidade e o que revelam ser “a desolação deste território transfronteiriço que não merece tal negligência pública, apesar das diretivas europeias que obrigam a uma mudança nas políticas públicas”.

Para já, as entidades signatárias, dada a situação de ameaça de despovoamento, já conseguiram a declaração urgente do território da Faixa Celta como catástrofe demográfica e a sua inclusão no Acordo de Parceria.

Em comunicado enviado à redação do TA, revelam que “os próximos passos, neste processo sem precedentes de auto-organização espontânea e democrática serão a realização de uma reunião de todas as entidades inscritas e das que continuam a aderir. O principal objetivo será a constituição de uma associação ou consórcio transfronteiriço para os representar perante a Comissão Europeia e os Governos Português e Espanhol na defesa dos interesses e necessidades das populações transfronteiriças da Franja Céltica.”

O consórcio de associações mostra-se focado na colaboração com as instituições regionais, nacionais e europeias e têm esperança que os instrumentos financeiros e outros fundos estruturais europeus para o período 2021-2027 tenham um impacto positivo na revitalização económica, social e cultural deste território transfronteiriço o que não tem acontecido nas últimas décadas.