Riu-se discretamente ao ouvir o minuto 12 do podcast. Não sei se exatamente pelo conteúdo ou se pela forma. Percebeu a ironia do minuto, da fala e do sotaque.
Os podcasts entraram na nossa vida de forma tão profunda que quase todos tivemos já um encontro, imediato ou mais prolongado, com um podcast. Aqueles que não tiveram ainda, talvez o passem a ter, fruto da curiosidade da leitura deste pequeno texto.
Possivelmente, digo eu, os podcasts não deixarão de fazer parte da nossa vida, pelo interesse que nos suscitam. Quase todos rápidos, diretos ao assunto ou objetivos já não serão todos. Interessantes e sem interesse algum constituem outro dos aspetos do podcast.
Se tivesse de escrever o guião dos podcast ou produzir um próprio, inovador e criativo, podia até utilizar um texto como este, curto e objetivo ou subjetivo.
Na mesa ao meu lado, neste café, uma pessoa indiferenciada, utilizando um computador portátil tem uma página aberta apenas com uma meia frase. Digo meia porque sendo frase completa deveria ter o verbo e na escrita que estava naquele computador, dizia apenas: a décima quarta palavra.
Pensei na descrição que poderia fazer daquela mulher e do que escrevia, de que maneira a podia enquadrar num podcast. Ou estaria a própria pessoa a escrever ela um podcast?
De qualquer forma, como se pode aproveitar a décima quarta palavra para o espírito criativo? O que é a décima quarta palavra? Qual foi a décima quarta palavra que escrevi aqui e que o senhor leitor leu? Pelo que me recordo terá sido pelo.
Enquanto escrevo, a pessoa indiferenciada continua concentrada. Eu, no meu caso, escrevo mais umas palavras que, multiplicadas por catorze, passam a ser muitas e muito diferentes. E nisto viro costas, ligo um dos canais, ponho os auriculares e passo a ouvir mais uns quantos contributos no podcast que está na linha de reprodução a seguir.
A pessoa indiferenciada lá continuará, sentada, com a mesma página vazia, com as mesmas palavras, salientando a décima quarta.
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