3 Junho 2021      12:43

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Crédito Consolidado - É Boa Altura Para Juntar Créditos?

Quem tem vários créditos, poderá querer juntar todas as prestações mensais enquanto reduz as mensalidades. Para quem tenha sido afetado financeiramente pela pandemia ou esteja a passar por uma desorganização do orçamento mensal, um crédito consolidado pode ser uma solução para ter mais folga monetária ao fim do mês.

A pandemia da Covid-19 veio trazer algumas inseguranças nas finanças pessoais de muitos portugueses. Com o receio de deixar dívidas acumularem e de não conseguirem pagar as suas prestações de empréstimos, muitos foram os que aderiram às moratórias de crédito, sendo que em março de 2021 ainda estavam 41,8 milhões de euros em moratória.  Em abril de 2021, a taxa de desemprego subiu para 6,9%, tendo uma subida de 0,3 pontos percentuais face a março e de 0,6 em relação ao mês homólogo de 2020. Estes dados realçam como é importante analisar a situação financeira e verificar se o orçamento mensal é o suficiente para arcar com todas as despesas.

Uma solução que tem vindo a ganhar popularidade é o crédito consolidado. Este produto financeiro permite que ocorra a redução das mensalidades dos empréstimos. Ou seja, a folga financeira é aumentada ao fim do mês de maneira a que se cumpram sempre com os pagamentos na altura devida. Mas quando é que se sabe ao certo se esta é uma altura vantajosa para pedir este tipo de crédito? Afinal, sendo um crédito, não trará apenas benefícios. Por isso, apresentamos esta solução ao detalhe, explicando o que é a consolidação de créditos e como identificar que este é o melhor caminho a seguir.

O que é um crédito consolidado?

Muitas pessoas têm várias prestações de créditos diferentes a cumprir todos os meses. É normal que, quando se precisa de um crédito automóvel ou de um crédito pessoal, se olhe para as condições de cada contrato de forma isolada. Isto é, que se acabe por aceitar características de crédito que fazem sentido naquele momento. Porém, com o passar do tempo, é possível que já se tenham vários empréstimos, resultando num valor elevado a pagar e com datas de pagamento em dias diferentes.

Com um crédito consolidado, passa-se a ter todos os créditos feitos até à data num único contrato. Assim, só é cobrada apenas uma prestação todos os meses. Além disso, são reunidas melhores condições de crédito com taxas de juro mais baixas e um alargamento do prazo de reembolso. Desta forma, é possível reduzir a mensalidade em até 60%.

Ora, com um aumento da folga mensal, é preciso ter uma boa gestão e priorizar onde se alocar o dinheiro a mais na conta. Caso o orçamento mensal esteja apertado, o melhor é planear já qual o destino deste dinheiro extra ao final do mês para que não exista a possibilidade de aumentar o consumo ou de criar novas dívidas. Se houver um controlo financeiro, as decisões serão tomadas com consciência e, consequentemente, o crédito consolidado poderá trazer várias vantagens.

Quando é boa altura para juntar créditos?

  1. Se prestações são muito elevadas

É possível que se tenham as despesas mensais apontadas de forma a manter uma melhor organização das finanças pessoais. No momento de pagar as prestações dos créditos ativos, talvez se repare que essas mensalidades ocupam grande parte das despesas, sendo que reduzir esses custos iria fazer uma grande diferença a cada mês. Por exemplo, se se está a pagar um crédito automóvel, um crédito pessoal, o crédito habitação e ainda um cartão de crédito, a soma dessas responsabilidades pode resultar em cerca de 1000€ que já se tem de colocar de parte. Com um crédito consolidado - e porque a redução pode atingir os 60% - consegue-se baixar essa despesa para 400€, o que já dá uma folga significativa.

  1. Se sobra pouco dinheiro após pagamento de despesas

Para qualquer boa gestão do orçamento mensal, é necessário manter um registo de todas as despesas fixas e variáveis. Ou seja, de todos os gastos que se tem todos os meses (como é o caso do pagamento da conta da luz, água, gás, telecomunicações, renda, entre outros) e dos gastos que se tem esporadicamente (como o pagamento de seguros pontuais, do IRS, do IMI ou de subscrições anuais). Além disso, será preciso colocar de parte algum dinheiro para necessidades que, volta e meia, podem fazer falta (comprar roupas, ir ao dentista ou ao cabeleireiro). Se depois desta análise se chegar à conclusão que sobra pouco dinheiro para o resto do mês, poderá ser preciso aumentar o orçamento mensal disponível.

  1. Se existe desorganização financeira

Os rendimentos até podem ser constantes, mas pode-se passar o mês à espera de certas datas para que os pagamentos saiam da conta. Ter vários créditos quer dizer que se assinaram condições diferentes e é possível que cada entidade financeira tenha definido datas de pagamentos das mensalidades em dias diferentes. Ora, isso provoca algum stress já que o cliente tem de se lembrar de cada data, fazendo com que se tenha de estar constantemente a verificar o saldo disponível na conta.

Para solucionar esse problema, o crédito consolidado é apenas um contrato com os restantes empréstimos, tendo apenas uma data para pagar uma única prestação. Uma espécie de “tudo em um”.

  1. Sem poupanças de parte

Assegurar-se que se mantém uma poupança de parte pode ser um alívio em casos em que se é apanhado de surpresa. Aliás, para se estar com uma situação financeira estável, há que ter a certeza que existe sempre uma forma de arcar com despesas inesperadas. Assim, não existirá manobra para entrar em situação de dívida.

Como o crédito consolidado reduz as mensalidades dos créditos, o valor disponível na conta é aumentado, o que significa que se passará a ter um extra para imprevistos ou para comprar algo que realmente se deseja há algum tempo. Só é crucial ter atenção e não gastar esse dinheiro sem qualquer controlo.

Caso seja identificado algum destes pontos mencionados anteriormente, um crédito consolidado pode ser uma solução a ponderar. Para se avançar com um pedido, o Banco de Portugal aconselha a que se recorra a instituições ou intermediários de crédito devidamente aprovados pelo regulador do sector financeiro. Além disso, será preciso não ter entrado em situação de incumprimento no pagamento das prestações de empréstimos (o que pode ser verificado no Mapa de Responsabilidades de Crédito) nem ter acumulado dívidas. Isto porque os bancos e entidades de crédito vão querer ter a garantia de que as futuras mensalidades serão pagas devidamente. Outros requisitos envolvem o cliente ter idade inferior a 80 anos, uma situação profissional estável, que declare os rendimentos em Portugal e que a soma dos créditos seja superior a 5 mil euros.