Confissão

Confesso que os pensamentos derivam além do leito da minha imaginação e racionalidade. Uma sexta-feira à noite em casa é um momento de pensar na confissão do que foi o resto da semana.

Imaginemos a situação em que encontramos um amigo. Em Portugal, poderia ser no café da esquina, no bar onde sempre nos encontramos para por o Totoloto, o Euromilhões ou beber uma média ou uma mini com aperitivos. Aqui deste lado do Atlântico, talvez nos encontremos num dos pubs ou bares que recebem todas as pessoas que acabam de trabalhar e chegam a esse lugar pensando que nada mais pode pesar durante essa tarde, além do regresso a casa e do peso que comporta toda uma vida e a preocupação de todas as vidas que se ligam a nos e a que nos ligamos.

Não estou em Portugal. Se o estivesse, entre minis, médias, Coca Cola ou outro refrigerante, sem fazer publicidade, a conversa entre amigos acabaria ao nível pessoal, em que cada um de nós confessaria algo que nos incomodava.

Aqui não é diferente do que noutro sítio poderia acontecer. Em Espanha amigos partilhariam umas tapas, umas canhas e falariam de tudo o que é presente, o que é passado e aquilo que será futuro,

Confesso que é no meio do caminho que se encontram as razões de nos encontrarmos. A confissão, título que foi dado e esta reflexão semanal é como um antibiótico de largo espectro. Abrange uma série inúmera de contextos, de situações, de crenças e de soluções ou penitências que são dadas nesses mesmos contextos.

A confissão é um momento especial, de partilha e de alívio que, ao mesmo tempo comportará um novo peso, resultante do resultado da confissão.

Há imensos lugares onde é possível fazer a confissão. Talvez o mais oficial seja num edifício de oração. Aí, junto de uma entidade espiritual, religiosa, abrimos as nossas culpas e confessamos os nossos pecados. Na nossa solidão, junto da nossa entidade espiritual sem corpo partilhamos também aquilo que julgamos ter errado, acrescentado o que esperamos.

No final da tarde, sentámo-nos no mesmo balcão, lado a lado e, como aconteceria em Portugal ou em qualquer outro sítio, confessámos o nosso dia, entre copos, dizendo a pessoas que talvez nunca tenhamos conhecido ou que possivelmente nunca conheceremos, aquilo que de bom ou mau se passa na nossa vida.

Confesso que já me sentei em vários destes confessionários. Confesso que acredito que muitos de vós por aí passaram também. E, ao mesmo tempo que estes pensamentos nos seguram, a racionalidade e a imaginação vão mais além e, no final, aquilo que importa conhecer é o significado e sentido da palavra confissão.