3 Outubro 2020      11:27

Está aqui

Como resolver os danos provocados pela crise?

Segundo um artigo recente no JN, há mais famílias a pedirem dinheiro para pagar contas. A Diocesana do Porto está a receber pessoas encaminhadas pela Segurança Social. O Banco Alimentar apoia 440 mil.

´´Num país com mais de dois milhões de pobres, a crise provocada pela pandemia veio arrastar muitos mais para aquela condição. Os pedidos de ajuda são tantos, que as instituições estão sem capacidade de resposta. Aos alimentos, somam-se pedidos monetários para saldar contas essenciais. A Cáritas já só consegue apoiar metade de quem a procura. O Banco Alimentar está a ajudar mais 60 mil portugueses. E a AMI viu as solicitações dispararem. A este ritmo, não haverá solidariedade que chegue. ``

Estes dados são extremamente preocupantes: um em cada cinco portugueses vive abaixo dos limiares mínimos de pobreza, sendo que o risco de aumentar este valor com algum significado deve ser visto com muita preocupação.

No contexto atual, em que o desemprego aumentou significativamente, são também muitos os portugueses que vivem uma enorme incerteza em relação à sua situação laboral. O layoff, as moratórias do crédito, o adiamento do pagamento de impostos e contribuições sociais, apesar de funcionarem como bons ´´amortecedores`` sociais, não vão resolver o problema criado. Empurrar os problemas para a frente, aliviam a situação crítica da atualidade, mas vão ressurgir mais diante.

Para além destes elementos que conhecemos, devemos olhar para a fragilidade estrutural da economia portuguesa como a maior das problemáticas.

Acredito que são precisas medidas estruturantes, de mudança da economia e do modelo de sociedade em que vivemos. Apostar nos territórios de baixa densidade e nos seus potenciais, apostar a qualificação e requalificação séria das pessoas, apostar numa verdadeira reindustrialização adaptada à nossa realidade, apostar nas cidades e vilas de média dimensão, apostar em cidades ´´inteligentes``, apostar na ecologia e no bom uso das tecnologias, apostar na produção nacional, nas exportações e substituições de importações, são algumas das medidas necessárias para ajudar a resolver muitos dos problemas existentes.

Mas uma coisa é certa, necessitamos de medidas de curto prazo para mitigar os problemas que nos afligem no imediato. A iniciativa do Programa Mais CO3SO Emprego Interior, recentemente promovida pelo Governo, é uma boa medida (o seu sucesso não a deve matar!). Apoiar o emprego, nas microempresas e sobretudo no interior do País, é sem dúvida uma excelente iniciativa. Vale a pena continuar a apostar.

Esta foi uma iniciativa simples, mas inovadora, em que todos ficam a ganhar: os trabalhadores porque são mais os empregos disponíveis, os empresários porque têm um excelente incentivo para empregar, para o Estado porque utiliza fundos europeus, beneficiando diretamente das contribuições e impostos pagos, para além de minimizar um problema social bem grave.

Por isso mesmo, as medidas positivas merecem apoio.