13 Outubro 2016      10:12

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COMO NÃO MUDAMOS, MUDA O CLIMA

Setembro de 2016 será inscrito na história universal como marco importante para o clima mundial. Desde janeiro de 2016 que a concentração mundial de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera tem permanecido acima de 400 ppm (partes por milhão), tendência que tem vindo a ser observada desde maio de 2015.

Mais perturbador do que a superação e permanência acima do valor de 400 ppm é o facto dos dados mais recentes sugerirem um incremento de mais de 2,75 ppm de CO2 atmosférico por ano, quando, em média, nos últimos 55 anos o aumento foi de cerca de 1,55 ppm.

Estamos, portanto, perante um cenário pouco animador, sendo que a generalidade da comunidade científica admite que os resultados medidos e observados sugerem que dificilmente o valor voltará ao patamar tido como seguro, valor situado abaixo de 350 ppm. Este consenso prevalece, mesmo se, por algum milagre, o “mundo inteiro” parasse de emitir dióxido de carbono amanhã, pois, levaria décadas para que o valor voltasse a estar abaixo do limite de 400 ppm. E como sabemos é muito pouco provável que tal venha a acontecer.

No entanto, apesar da inevitabilidade do aquecimento global, o que mais deverá preocupar e inquietar a humanidade é a taxa de aquecimento que tem vindo a ser induzida, sem precedentes, pela ação humana nos últimos 300 anos e as evidências científicas no quadro das alterações climáticas são inequívocas e convincentes: (1) ELEVAÇÃO DO NÍVEL DO MAR, subiu cerca de 19 centímetros nos últimos 100 anos, atualmente aumenta 3,4 milímetros por ano; (2) AUMENTO DA TEMPERATURA GLOBAL, desde 1880 em média aumentou cerca de 0,6 a 1 grau centígrado; (3) AQUECIMENTO E ACIDIFICAÇÃO DOS OCEANOS, desde o início da revolução industrial, a acidez das águas oceânicas superficiais aumentou em cerca de 30 por cento, tendo-se verificado, também, um aumento de 0,11 graus centígrados por década desde 1971; (4) DEGELO DAS CAMADAS GLACIAIS, desde 1979 que a cobertura de gelo do mar Ártico diminui a cada década cerca de 3,5 a 4,1 por cento; (5) AUMENTO DE EVENTOS EXTREMOS, o número de eventos extremos tem vindo a aumentar desde 1950, as previsões indicam um aumento da pluviosidade entre 5 e 10% até 2050, as projeções também apontam para um aumento das temperaturas, com redução do número de dias de frio com presença de geada.

Apesar das advertências da comunidade científica, a humanidade continua a adotar uma abordagem do tipo "business as usual", ou seja negócios como sempre e siga!

No entanto e de acordo com estudos realizados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC – acrónimo em inglês), a manter-se tudo tal como está, nos próximos 100 anos poderá haver um aumento da temperatura média global entre 1,8 a 4 graus centígrados. Além disso, o nível médio do mar poderá verificar uma subida entre 0,18 a 0,59 metros, o que, com certeza, irá afetar significativamente não só as atividades humanas, mas também os ecossistemas terrestres.

Para se ter uma ideia da gravidade da situação e de como o processo de aquecimento da Terra está em ritmo acelerado, basta saber que o planeta demorou cerca de 10 mil anos para aumentar em 5 graus centígrados a temperatura média e, agora, a avaliar pelas projeções e estimativas levar apenas 200 anos para produzir um aumento da mesma magnitude.

Resta-me concluir: se a humanidade não muda, então, muda o clima.