A EDP quer construir, num investimento de 115 milhões de euros, uma central fotovoltaica de grande dimensão no concelho da Vidigueira, prevendo-se, porém, o abate de 1536 árvores.
A informação é avançada pelo jornal Expresso, que refere que o licenciamento ambiental do projeto entrou em consulta pública, contemplando a replantação do triplo de azinheiras que serão cortadas.
A central fotovoltaica da Sobreira de Baixo é um projeto promovido pela Empresa Hidroelétrica do Guadiana, detida pela EDP, que está a ser desenvolvido no âmbito da “hibridização”, isto é, a partilha de um mesmo ponto de ligação à rede por mais do que uma tecnologia de produção de eletricidade. Neste caso, o projeto teria como objetivo aproveitar a ligação à rede elétrica que já é explorada pela central hidroelétrica Alqueva II.
Segundo a empresa, este projeto terá uma potência de 242 megawatts (MW) e será ligado à subestação de Alqueva, já existente, por uma linha de muito alta tensão de cerca de dois quilómetros, começando a produzir 418 gigawatts (GWh) por ano, o que equivale a 0,8% do atual consumo anual de eletricidade do país.
Se for em frente, este será o maior projeto fotovoltaico da EDP em Portugal.
Esta central, no entanto, implica o abate de 1536 árvores, dos quais 1170 são arbustos de sobre e azinho. O estudo de impacte ambiental menciona que estes exemplares “resultam maioritariamente de regeneração natural nas entrelinhas de povoamentos de pinheiro manso”, e “não têm capacidade de crescimento, já que se encontram no subcoberto da espécie dominante”.
Além disso, a EDP afirma que pretende compensar os cortes de 367 azinheiras e ainda 22 sobreiros, triplicando a plantação deste número numa área de 17 hectares localizada dentro do perímetro da central solar.
Neste mesmo estudo, a EDP garante que envolverá as comunidades locais no desenvolvimento da central solar de Sobreira de Baixo, nomeadamente promovendo ações públicas de esclarecimento e sensibilização, privilegiando a aquisição de serviços a empresas da região, e criando nas áreas afetadas pelo projeto um prado de sequeiro que será mantido com rebanhos de ovinos locais.
A empresa lembra também o projeto fotovoltaico deverá evitar a emissão de mais de 67 mil toneladas equivalentes de dióxido de carbono (CO2) por ano, ao substituir produção elétrica baseada em combustíveis fósseis.
Adicionalmente, o município da Vidigueira terá direito a uma compensação na ordem dos três milhões de euros, paga pelo Fundo Ambiental.
Note-se que este projeto terá ainda de ser aprovado pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a par de um outro investimento previsto, ainda maior, que está a ser desenvolvido do outro lado do Guadiana pela empresa Solid Tomorrow, controlada pela Lightsource BP.
Esta central, também em processo de licenciamento ambiental, prevês um investimento de 365 milhões de euros para instalar uma potência de 431 MW. Caso os dois projetos de concretizem, haverá duas áreas com centenas de hectares, dominados por painéis solares, a sul da albufeira de Alqueva, e a norte do concelho de Moura, a apenas alguns quilómetros de uma outra central fotovoltaica: a da Amareleja.
Fotografia de energia.roams.es