8 Agosto 2021      12:04

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Censos 2021 – Péssimos resultados para o Alentejo

Neste momento já se encontram publicitados os resultados dos Censos 2021. Na realidade, são os resultados apurados antes da conclusão de todo o processo de tratamento e validação final da informação. Os mesmos baseiam-se em contagens das unidades estatísticas provenientes da fase de recolha.

Dos resultados apresentados podemos observar que a população residente em Portugal, à data de referência dos Censos 2021, é de 10 347 892, representando um decréscimo de 2,0% face a 2011.

Os números dos Censos 2021 mostram que praticamente todo o país perdeu população na última década. Apesar deste contexto generalizado, houve concelhos que registaram ligeiras subidas. A diferença faz-se, sem surpresas e mais uma vez, entre o litoral e o interior.

Só mesmo as regiões NUTS (Nomenclatura das Unidades Territoriais para Fins Estatísticos) de Lisboa (1,7%) e o Algarve (3,7%) é que registaram um aumento populacional, tendo havido uma evidente concentração em torno da capital do País e na região do Algarve.

O Alentejo foi a região de Portugal onde a população residente mais diminuiu, com um decréscimo de 6,9%.

Exceto o concelho de Odemira, que é o maior crescimento em todo o País (penso que sabemos quais as razões desse crescimento), praticamente todos os concelhos do Alentejo tiveram perdas significativas da população (os casos mais graves: Barrancos, com menos 21,8% de população, Nisa com menos 20,1% da população o concelho de Mora perdeu 17,1% da população).

No caso do Alentejo Central (praticamente o antigo distrito de Évora) foi a NUT de nível II com a quebra mais expressiva de população em Portugal (-6,9%), de acordo com os resultados preliminares dos Censos 2021. Todos os municípios do distrito de Évora perderam população residente, entre 2011 e 2021.

Neste ranking negativo dos cinco concelhos com maiores perdas, em termos percentuais, seguem-se, logo depois de Mora, os de Alandroal (-14,3%), Borba (-12,3%), Estremoz (-11,4%) e Vila Viçosa (11,2%).

Já neste mesmo ranking negativo dos que tiveram quebras menos expressivas, a seguir a Vendas Novas, é formado por Évora (-5,4%), Viana do Alentejo (-7,3%), Reguengos de Monsaraz (-8,8%) e Montemor-o-Novo (-9,4%).

Esta situação portuguesa é muito grave (perdeu 2% da população) e no caso do Alentejo é dramática (com perda de 6,9%) e ainda mais dramática em muitos concelhos do Alentejo (que tiveram quebras superiores aos 6,9% da região).

Preocupa-me a generalizada indiferença em relação a estes resultados. É muito, é mesmo muito má esta situação. É extremamente preocupante!

É preciso travar isto! É decisivo travar esta sangria populacional! É preciso mais empresas, mais emprego, mais emprego qualificado, mais dinâmica, mais incentivos à natalidade, mais economia, mais força social, mais e melhor habitação...

Reverter esta situação é o grande combate para os próximos tempos. Este deve ser tema do nosso debate, para desta forma contrariarmos esta situação e melhorar em relação ao futuro. E duvido que se possa fazer sem ser com uma ação coletiva e com uma estratégia muito bem determinada.

Não o fazer, "enfiar a cabeça na areia", é maior erro que se pode cometer.